Honra e Gloria aos que tão novos lá deixaram a vida. Foram pela C.C. S.-Manuel Domingos Silva!C.Caç. -1558- - Antonio Almeida Fernandes- Alberto Freitas - Higino Vieira Cunha-José Vieira Martins - Manuel António Segundo Leão-C.Caç-1559-Antonio Conceição Alves (Cartaxo) -C.Caç-1560-Manuel A. Oliveira Marques- Fernando Silva Fernandes-José Paiva Simões-Carlos Alberto Silva Morais- Luis Antonio A. Ambar!~

O BATALHÃO CAÇ.1891 CUMPRIMENTA EFUZISAMENTE TODOS OS QUE NOS VISITAM ..DESEJANDO A TODOS UM BOM ANO DE 2021!


José do Rosário...

sábado, 21 de fevereiro de 2015

António Maria Nobre, Soldado de Infantaria: Cruzes de Guerra

António Maria Nobre, Soldado de Infantaria: Cruzes de Guerra de 1.ª e 3.ª classe.

  Clica aqui para ouvires o Audio 

HONRA E GLÓRIA


António Maria Nobre


Soldado de Infantaria, n.º 01678065

Companhia de Caçadores 1560 «LEOPARDOS»

Batalhão de Caçadores 1891 «LEAIS E VALOROSOS»

Moçambique: 21 Maio 1966 a 13 Agosto 1968


Cruzes de Guerra, de 1.ª e 3.ª classes

A CCAÇ 1560 foi comandada peloCapitão Mil.º de Infantaria António Augusto da Costa Campinas.Foi colocada em Gilé, onde substituiu uma secção da Companhia de Caçadores 689 (CCAÇ 689).
De Maio de 1966 a Janeiro de 1967, a actividade operacional, consistiu principalmente em patrulhamentos e acção educativa e medicamentosa junto da população.

Em Janeiro de 1967, foi transferida, por troca com a Companhia de Cavalaria 1505 do Batalhão de Cavalaria 1879 
De Janeiro de 1967 a Fevereiro de 1968, efectuou entre outras, as operações: "Alcides" (vale do rio Messinge), "Segunda Vez" (região da "Base Liconhire"), "Lisboa" (serra Macuti), "Marretada II" (região da "Base Maniamba), "Sobe-Sobe" (serra Juzagombe), "Alferes Ambar" (região da "Base Liconchire") e "Crepúsculo" (entre os rios Messinge, Nossi e Luavize). Tomou parte nas operações "Marretada", "Caravana I" e "Caravana II".

Em Fevereiro de 1968, foi rendida em Maniamba, pela Companhia de Artilharia 2326 do Batalhão de Artilharia 2838 (CArt2326/BArt2838), regressando a Gilé, onde rendeu a Companhia de Cavalaria 1505 do Batalhão de Cavalaria 1879 (CCav1505/BCav1879).

Foi rendida em Gilé (Agosto de 1968), pela Companhia de Caçadores 1794 do Batalhão de Caçadores 1934 (CCAÇ 1794/BCaç 1934).
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ANTÓNIO NOBRE, UM HERÓI DE PORTUGAL







«Quem, dentro da CCAÇ 1560, não se lembrará do António Maria Nobre, da “BAZOOKA”?


Alentejano, de gema, integrado num grupo de combate constituído quase exclusivamente por alentejanos, era bem o protótipo do calmo e pachorrento dito “compadre”, a quem nada nem ninguém faz perder a fleuma a menos que…


Finda a comissão, o Nobre era apenas um herói. Modesto, apagado, humilde – mas um HERÓI !



... Gravemente ferido em combate, por 3 vezes (!!!) foi condecorado, na mesma comissão por imposição, com duas CRUZ DE GUERRA (1ª e 3ª classes ), caso único nas Forças Armadas, nas campanhas do Ultramar pós 1961!


Ora acabou por ser precisamente o Nobre o protagonista do único incidente registado, em toda a comissão, entre pessoal da 1560 e elementos estranhos à mesma.


Estamos em Nampula, na noite de 10 AGO 68. O comboio que transporta o Batalhão 1891 a caminho de Nacala, onde embarcará no paquete Vera Cruz, de regresso à Metrópole, fez uma paragem de algumas horas naquela cidade.


O pessoal foi autorizado a ir dar uma última volta pela cidade, com recomendações e ordens taxativas quanto ao comportamento a ter, em todos os aspectos, e com hora de regresso à estação bem definida.


Ao aproxima-se essa hora limite, e com grande parte do pessoal da Companhia já na estação dos Caminhos de Ferro, chegou a notícia de que o NOBRE teria sido preso pela Polícia Militar, e levado para o quartel da mesma. Imediatamente e em bloco, todo o pessoal dos “Leopardos” já presente se dispôs a marchar para o Quartel da P.M. (ainda a uns bons 3/4Kms da estação) a fim de libertar o seu camarada.


Tendo o Comt da CCaç 1560, conseguido acalmar momentaneamente os ânimos, pois nada se sabia de concreto, foi decidido que ele, com alguns Oficiais e Sargentos da Companhia. Iriam à P.M., averiguar o sucedido e resolver o problema.


Tendo o grupo de graduados da 1560 chegado ao quartel da P.M., e após uma entrada mais ou menos intempestiva, por várias razões, foram descobrir o Nobre a ser duramente interrogado por um Tenente da P.M. e mais alguns elementos – tendo inclusive levado já alguns “caldos”.


Foi então dito pelo Tenente que o Nobre, interpelado por uma patrulha da P.M., havia resistido à detenção(?), tendo inclusivamente partido o nariz ao Cabo comandante da mesma e deslocado o braço a outro soldado. Tendo sido ouvido o depoimento do Nobre e também dum outro soldado da referida patrulha, ficaram os presentes com sensação nítida de que teria havido precipitação e até abuso, de autoridade por parte dos elementos da P.M., aos recém - chegados da Metrópole…Depois de muita troca de argumentos e de ter sido explicado Quem era o Nobre, conseguiu-se a sua libertação, tendo sido entusiasticamente recebido quando finalmente, chegaram à estação dos Caminhos de Ferro. Agora para terminar, só falta, de facto, contar-se a versão dos acontecimentos, pela boca do Nobre.

Na sua castiça calma voz alentejana, (esta versão apenas deferia da P.M, num pequeno pormenor.

Em frente do Hotel Portugal, em plena baixa de Nampula, passeavam alguns militares da 1560. Tendo passado um Jeep da Polícia Militar, alguém do grupo teria gritado:- “Adeus, ó Chekas,”( nome dado aos militares recém chegados a Moçambique). O Jeep parou de imediato e os elementos da P.M. correram para eles.

Com receio de complicações sobretudo devido à proximidade do embarque, os militares da 1560 debandaram (pela 1ª e única vez em toda a comissão!), com excepção do Nobre que, além de ter a consciência tranquila, não podia correr, por coxear devido ao seu último ferimento em combate.

“Então, meu Capitão”, dizia o Nobre, eu que nada tinha feito, vejo vir o nosso Cabo, todo exaltado, direito a mim… Agarrou-me pelo colarinho e puxou-me para a frente com toda a força… Ora eu, que não tenho força nenhuma nas pernas, desequilibrei-me…e fui bater, sem querer com a minha testa no nariz do nosso Cabo!...


Escusado será dizer o esforço que, na altura, foi necessário aos graduados da CCAÇ 1560 presentes para não desatarem à gargalhada, numa situação tão melindrosa como aquela.
»


                          ---Cruzes de Guerra, de 1.ª e 3.ª classes


                  Cruz de Guerra, de 1.ª classe:


Soldado de Infantaria, n.º 01678065

ANTÓNIO MARIA NOBRE


C.Cac. 1560/BCac 1891- RI 16 -MOÇAMBIQUE

1.ª CLASSE
 
Transcrição da Portaria publicada na OE n.º 25 - 3.ª série, de 1968.
Por Portaria de 06 de Agosto de 1968:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 1.ª classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados cm acções de combate na Província de Moçambique, o Soldado n.º 01678065, António Maria Nobre, da Companhia de Caçadores n.º 1560/Batalhão de Caçadores n.º 1891 — Regimento de Infantaria n.º 16.

Transcrição do louvor que originou a condecoração.
(Por Portaria da mesma data, publicada naquela 0E):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, louvar o Soldado n.º 01678065, António Maria Nobre, da Companhia de Caçadores n.º 1560/Batalhão de Caçadores n.º 1891 — Regimento de Infantaria n.º 16, pelo magnífico comportamento que teve nas operações "Quatro Camaradas" e "Sobe-Sobe". Na primeira, conduziu-se com extraordinária bravura, espírito de sacrifício e de missão durante o violento combate de cerca de hora e meia, travado com numeroso e bem armado grupo inimigo, sempre ao lado do comandante do Grupo de Combate, agindo como apontador de lança-granadas foguete e expondo-se constantemente ao fogo adverso, a fim de poder fazer tiro ajustado, com o que contribuiu decisivamente para o bom êxito do assalto levado a cabo pelas nossas tropas. Em tais circunstâncias, sempre debaixo de fogo inimigo, mostrou absoluto sangue-frio, heroísmo e desprezo pelo perigo.

Na operação "Sobe-Sobe", apesar de gravemente ferido no início do assalto a uma base inimiga, continuou a fazer fogo com o seu lança-granadas foguete, apoiando, assim, com eficiência, a progressão das nossas tropas. Posteriormente ajudou os seus camaradas feridos, incutindo-lhes o maior ânimo até à chegada do helicóptero que a todos evacuou. Logo que voltou do hospital, e embora mal refeito ainda dos graves ferimentos que recebera, ofereceu-se como voluntário para tomar parte nas operações então em curso, o que, dado o seu estado, não foi aceite. Restabelecido, voltou a ser gravemente ferido por efeito do rebentamento duma armadilha inimiga, na última acção em que tomou parte.

Com as suas heroicas actuações em combate, nas quais se mostrou possuidor de elevadas qualidades militares, o soldado Nobre constituiu-se num destacado exemplo que muita honra a sua Unidade e o Exército.

 
Cruz de Guerra, de 3.ª classe:

Soldado de Infantaria, n.º 01678065
ANTÓNIO MARIA NOBRE


CCac 1560/BCac 1891 — RI 16
MOÇAMBIQUE


3.ª CLASSE
Transcrição da Portaria publicada na OE n.º 6 — 3.ª série, de 1968.
Por Portaria de 06 de Fevereiro de 1968:
 
Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3.ª classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província de Moçambique, o Soldado n.º 01678065, António Maria Nobre, da Companhia de Caçadores n.º 1560 - Regimento de Infantaria n.º 16.

Transcrição do louvor que originou a condecoração.
(Publicado na OS n.º 63, de 03 de Dezembro de 1966, do QG/RMM):

Louvo o Soldado n.º 01678065, António Maria Nobre, da CCac n.º 1560, em reforço no Sector "E" por, no dia 16Out66, no decorrer da operação "Ou Vai ou Racha", em que a sua Companhia tomou parte e em que actuava como apontador de lança-granadas foguete, depois de atingido por um estilhaço numa coxa e debaixo de intenso fogo inimigo que varria a área onde se encontrava, ter carregado e disparado sozinho por quatro vezes o seu LGFog sobre a principal posição inimiga, silenciando-a, o que em conjugação com o fogo do morteiro, acabou por neutralizar uma emboscada inimiga.

Apesar de ser ele o ferido mais grave pediu para só ser socorrido em último lugar, tendo feito voluntariamente a pé o percurso de vários quilómetros até ao local onde se encontravam as viaturas, para que o seu comandante de Secção, também ferido, pudesse utilizar a única maca então disponível.

Este Soldado demonstrou assim, com o seu comportamento, possuir qualidades de coragem em combate, sangue frio, serena determinação e energia debaixo de fogo, espírito de sacrifício e elevado moral frente ao inimigo, qualidades que muito o honram e ao Exército a que pertence.
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ANTÓNIO NOBRE, UM HERÓI DE PORTUGAL

No dia 10 de Junho de 1969, esteve presente no Terreiro de Paço, em Lisboa, aonde foram-lhe impostas as Cruzes de Guerra:



 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A CCAÇ 1558 no NIASSA

Em 10 de Fevereiro de 1967 o 1º escalão da CCAÇ 1558 marchou do ILE-ERRÊGO, para MUTUALI, na ZAMBÉZIA, e daqui  seguiu  de comboio para o CATUR, no NIASSA, onde chegou a 11. 

Saída do Ile-Errêgo na Zambézia para Nova Coimbra no Niassa
No dia seguinte, em coluna auto, seguiu para MEPONDA por VILA CABRAL. Em 13 seguiram em lanchas do COMDEFMARNIASSA com destino a METANGULA e daqui para NOVA COIMBRA.
À sua passagem por METANGULA o CMDT da Companhia Capitão Daniel Delgado, recebe, directivas sobre características e modos de actuação do IN.
Em 15 uma Secção + rendeu em MESSUMBA 1 GC da CCAV. 1506.
Em 17 saiu do ILE-ERRÊGO na ZAMBÈZIA o restante pessoal da CCAÇ 1558.
Em 21 em lanchas da Marinha o restante pessoal da Companhia seguiu para NOVA COIMBRA, deixando em METANGULA um Pelotão, de reforço à CCS.
                
                   OPERAÇÕES MAIS MARCANTES

22 de Maio de 1967

A Companhia a 3 GC iniciou a operação "ARIETE", com a finalidade de fazer um golpe de mão a um acampamento inimigo referenciado, junto à ponte do RIO LUNHO.

Depois de atravessar o Rio para a margem direita, próximo de NOVA COIMBRA, foi iniciada a marcha em direcção ao objectivo para montante do Rio
Cerca das 11 horas um cipaio, que ia à frente da coluna, desviou-se, para beber água num charco a cerca de 2 metros, provocando o  rebentamento duma armadilha que devia estar fortemente reforçada pois provocou as seguintes baixas: Alf. Sancho, Furriel Moutinho e 12 feridos ligeiros, entre eles o Cmdt da Companhia. De imediato foi feita uma mensagem VITA, estabelecendo um cordão de segurança à volta da zona e o tratamento improvisado dos feridos.
Entretanto e quando se preparava o terreno para a descida do helicóptero,o 1º Cabo Manuel Seguro Leão accionou uma mina anti-pessoal ficando gravemente ferido e falecendo mais tarde em VILA CABRAL
Manuel Seguro Leão
Dado o grande número de feridos o helicóptero transportou em várias viagens os feridos para NOVA COIMBRA e depois de recebermos os primeiros socorros seguiram para VILA CABRAL
O CMDT do Batalhão Ten.Coronel José Rodrigues da Matta com o Tenente Médico Manuel Ruas, infelizmente a CCaç 1558 nunca teve médico, deslocou-se de imediato ao local, e deu ordem à restante força para regressar a NOVA COIMBRA o que foi feito penosamente pois o pessoal ficou impressionado com a quantidade de feridos sofridos.
Com vista a contrariar uma possível quebra psicológica do pessoal, o CMDT decidiu reiniciar a operação no dia seguinte.
No dia seguinte, dia 23, às 8 horas, 2 GC da 1558 e 1 GC da 1560, sob o comando do Alferes do QP Machado, reiniciaram a operação depois do CMDT do Batalhão ter estimulado e incitado o pessoal ao cumprimento da missão como homenagem aos feridos sofridos.
Distinguiram-se o 1º Cabo Aux. Enfermagem Victor Barbosa dos Santos, o qual, embora ferido foi incansável no tratamento dos seus camaradas antes de tratar de si próprio, e o 1º Cabo Pimenta da Cunha, que embora não fosse enfermeiro, foi incansável a dar injecções, fazer garrotes.pôr pensos etc


Texto de José do Rosário Martins

No dia 21 de Maio de 1967, quando ao cair da noite fomos informados que no dia seguinte bem cedo partíamos para uma operação na zona do Lunho.
 Como sempre, durante a noite que antecedia as operações mais melindrosas, esgotávamos tudo o que era bebível... cerveja, laranjada e até a popular DOLKA ( leite com chocolate). Sim, porque a ideia dominante que sempre nos acompanhou, é que havia ir, mas voltar era uma incógnita.
Os Cipaios que geralmente nos acompanhavam, armazenavam no cantil todo o vinho que podiam receber. Pelo contrário, nós tentávamos levar o máximo possível de água nos cantis.
   Quando chamei a atenção aos Africanos que eram os carregadores do material Rádio, responderam-me que íamos encontrar muita água. E foi a água a causa maior da nossa desgraça.
Depois de palmilharmos alguns Kilómetros encontrámos uma fonte, onde os Africano e depois de terem bebido toda o vinho "água de Lisboa" preparavam-se para se abastecer de água. E aí começaram a rebentar as armadilhas. Mais de uma dezena de feridos, entre eles o Alf.Sancho (hoje já falecido) que viria a ser evacuado para a Metrópole.
De imediato enviei um ZULU para o Comando do Sector a pedir evacuações.
Quando já dois hélios piravam no sobre nós, eu com o rádio HC dava indicações aos pilotos onde deviam poisar. Caminhava por uma vereda, ouvi uma voz atrás de mim: deixa-me passar "Alvalade", era o Cabo Leão, deu dois ou três passos e pisou uma mina anti-pessoal.
Ficou todo queimado da cintura para baixo. Só nos pedia que acabássemos com ele. A sua missão era que com a sua secção fazer a segurança aos helicópeteros. Se não fosse o Leão a pisá-la pela certa teria sido eu.
Depois da evacuação até Nova Coimbra, local onde os feridos esperaram pelas DO que os transportaram até ao hospital de Vila Cabral, o Cabo Leão morreu.
 Quando retirámos e já no quartel, verificámos que com a azáfama do tratamento e evacuação dos feridos, deixámos duas G3 no terreno.
No dia seguinte, aparece no nosso barracão, o Alf.Monteiro (hoje falecido) a pedir voluntários para irem ao local do onde deixámos as armas. Voluntários a regressar ao local onde tínhamos tido 17 feridos e um morto, tudo por causa de minas e armadilhas? Missão quase impossível a do Alf.Monteiro.Depois de muita retórica e algumas piadas a incentivarem-nos lá fomos buscar as armas. Já no  local, de cada vez que se dava um passo esperava-se rebentar outra mina. Felizmente que nada aconteceu.
Foi muito próximo deste local que se deu o fatídico
 acidente de guerra em 22 de Maio de 1967

Depois da evacuação dos feridos, de permeio, tivemos no Quartel de Nova Coimbra, a visita do Comandante do Batalhão Ten Coronel José Rodrigues Maria da Matta, (hoje já falecido) e a do nosso Capelão.
Deste episódio ficou-me na memória uma frase dita na homilia pelo sr.Capelão que passo a citar: DEUS ESTÁ CONNOSCO. Como alguns dias depois retomámos a mesma operação, vim a confirmar que Deus também estava com os guerrilheiros da Frelimo.
Mas isso fica para contar mais tarde...

Texto de António Carvalho


Eu, como Cabo Enfermeiro, fiz parte do grupo que foi socorrer os acidentados. Vinha eu com a ajuda do Furriel Júlio com um ferido na maca, não me lembro quem era, para o levar para uma clareira onde os helicópteros iriam poisar. O Cabo Leão ia à minha frente com o seu Morteiro e com a
minha G3 e a do Júlio. No percurso o Leão rebentou uma mina anti-pessoal.
Assisti o Leão, como enfermeiro,e as únicas palavras que ouvi da boca dele foram " Carvalho, a minha mãe bem me disse que não me voltava a ver" respondi-lhe para o acalmar: tem calma Leão que isto não é nada de grave. Claro que não era assim pois ele tinha perdido uma perna até um pouco acima do joelho, parte da carne das nádegas desapareceu e tinha os testículos pendurados
Dei-lhe duas injecções de morfina e vitamina K, já que estancar as hemorragias era impossível.
Para embarcar o Leão no helicóptero pedi ajuda a quem estava ao meu lado. Disse-lhe com brusquidão: car...ajuda aqui. Respondeu-me uma voz meiga e terna, estou aqui para o ajudar. Ao ouvir aquela voz que só poderia ser de mulher, caíram-me os "tomates ao chão".
Era uma Enfermeira Paraquedista.
A velha ponte do Rio Lunho
NOTA DO BLOG

Estas versões, que ambos os autores foram testemunhas, sobre o mesmo acontecimento parecem contraditórias entre si . No meu entender que não estive no local mas sim em Nova Coimbra, são verdadeiras. Quando o Carvalho diz que transportava juntamente com o Júlio um ferido numa maca,o Leão ía à sua frente e atrás do Zé Rosário. Daí este ter ouvido o pedido do Leão para deixá-lo passar. O ferido que o Carvalho diz não se lembrar era segundo relato da época o Furriel Moutinho que chegou a ser dado como morto em Nova Coimbra mas que felizmente sobreviveu.

Texto de Jorge Soares

Saímos do quartel em Nova Coimbra, comandados pelo Capitão Delgado Comandante da CCAÇ 1558, para mais uma operação de quadrícula. Iam connosco vários cipaios, homens militarizados que serviam de guias e prestavam apoio às nossas tropas. Como era hábito deles nos seus cantis onde devia estar água havia vinho (água de Lisboa). Um deles, já com sede, ao reparar numa pequena lagoa, foi lá beber água. De volta, em vez de retornar pelo mesmo caminho, resolveu atalhá-lo para se nos juntar mais à frente. No trajecto accionou uma armadilha, teve morte imediata. A armadilha foi accionada entre o Alferes Sancho bastante ferido nas pernas e o soldado Jorge Soares que ficou ferido em todo o corpo. Outros camaradas num total de 17, incluindo o Capitão Delgado que comandava a operação foi ferido na omoplata direita, foram atingidos com mais ou menos gravidade pelos estilhaços. Apesar de ferido consegui rastejar cerca de 50 metros até junto ao Borges para ele me socorrer.

Os helicópteros que nos vieram resgatar tinham muitas dificuldades em aterrar visto que a zona era de mato denso. O Comandante do Helio deu instruções para fazermos a segurança mais à frente. O malogrado Cabo Leão, que transportava as armas vários feridos saiu do carreiro para dar passagem à maca improvisada que me transportava, para ir ao local onde o hélio iria poisar. Para sua infelicidade pisou uma mina anti-pessoal ficando muito mal tratado. Do rebentamento da mina resultaram ferimentos graves ao Cabo Leão e no Furriel Moutinho.
Na evacuação para o hospital de Vila Cabral na maca ao lado da minha ia o Leão, que veria a falecer na sala de operações do hospital. O Alferes Sancho e o Furriel Moutinho foram evacuados para a Metrópole não retornando à Companhia.
Este relato foi prestado por Jorge Soares, soldado da CCAÇ 1558, que foi uma das muitas vítimas do rebentamento da armadilha que feriu vários militares.

Texto de Vasco Pesado da Silva

Furriel Milicino  Enfermeiro

 Em NOVA COIMBRA foi recebido um Rádio, dizendo que a cerca de 3 Kms, um Pelotão da CCAÇ 1558 tinha caído numa armadilha, que havia muitos feridos e alguns em estado muito grave. Entre os feridos estavam o Capitão Daniel Delgado e o Cabo Enfermeiro Victor Santos.
Éramos poucos no Aquartelamento, mas conseguimos arranjar vários voluntários, para socorrer os nossos camaradas.
Fomos ao seu encontro com macas e panos de tenda para fazer as macas que seriam necessárias.
Em primeiro socorremos os feridos mais graves que eram o Furriel Moutinho e o Alferes Sancho
Estava a colocar uma tala nas pernas do Alferes Sancho. Colocá-mo-lo numa maca. Vinha a dar-lhe soro, até que surge o Cabo Segundo Leão e diz: Furriel dê-me a sua G3, para poder trabalhar melhor e eu faço-lhe a protecção. Percorreu cerca de 5 Metros e um estrondo medonho. Ele tinha pisado uma mina anti-pessoal. Não esqueço o que vi. Ele gritava com dores. Dei-lhe morfina a 1%. Lembro de ele me pedir para tirar as suas botas... Infelizmente ele já não tinha pernas. Com ajuda de alguns camaradas coloquei-o no helicóptero.
Entretanto a minha G3 desapareceu. Porcausa desta situação tive problemas disciplinares.
Ainda hoje sofro de setress pós traumático, não só por esta situação mas por outras durante a Comissão.
A Companhia nunca teve médico, era eu que comandava o seu Serviço de Saúde, e em determinada época, o António Carvalho, o Victor Santos (Doutor Kambuta) e o Eduardo Baptista, os 3 Cabos Enfermeiros que a Companhia tinha estavam feridos em VILA CABRAL. Estava sózinho....





 No dia 8 de Julho de 1967

Companhia a 3 GC iniciou a Operação "LIMPEZA II". Que consistia em nomadizar e emboscar, durante 4 dias, o vale do RIO LUNHO, desde os MONTES LIJOMBOS até à sua confluência com o Rio LUNHO. Pouco antes do RIO LUTICHE, foi avistado um carreiro muito batido, o qual levou a uma enorme machamba com 22 palhotas. Feito o cerco foram capturadas duas mulheres e uma criança enquanto se ouviam tiros dados pelo IN em sinal de alarme. O acampamento foi destruído assim como parte da machamba pois a sua enorme extensão não permitiu destruí-la totalmente. Neste dia e nos seguintes foram destruídos vários celeiros cheios de comida. 
No dia 9, cerca das 18h30, as NT instalaram-se próximas das margens do RIO LUNHO para pernoitarem e emboscar os trilhos existentes, quando foram flagelados por armas automáticas por um grupo estimado em 8 elementos.
No dia 10, aos primeiros alvores, foi atravessado o RIO LUNHO, que levava muita água. Feita um busca ao local onde o In flagelou, foi encontrado o material exposto na foto em baixo.
Material capturado ao inimigo
Seguindo junto à margem direita do rio foram encontradas mais 4 acampamentos de população, num total de 29 palhotas, que foram destruídas, e bem assim muita alimentação, material doméstico e uma bicicleta.
 As NT regressaram a NOVA COIMBRA no dia 11 sem mais ocorrências.

Em 4 de Agosto de 1967, 

O soldado Manuel dos Santos, sentinela do destacamento de MESSUMBA 
ouviu uns ruídos suspeitos numa escola existentes a cerca de 35 mortos do quartel pelo que deu um tiro de espingarda. Passados segundos os ruídos repetiram-se, pelo que fez uma rajada naquela direcção. Acto contínuo se seguiu um forte ataque IN, iniciado com um tiro de LGF, que penetrou pela por uma janela, atravessando o quarto do Fur. Amadeu Silva, CMDT do destacamento e deflagrou na caserna do pessoal. Simultaneamente o IN desencadeou fogo violento de armas automáticas, que incidia sobre a única saída da palhota para a ocupação de posições. Logo após o rebentamento da granada do LGF, todo o efectivo do pequeno destacamento ( 1 Furriel, 2 Cabos e 10 Soldados) correu de imediato para os abrigos existentes no exterior, indiferente ao fogo IN , reagindo prontamente com fogo violento de espingarda, LGF morteiro e granadas de mão. Ao fim de 5 minutos de combate o IN pôs-se em fuga precipitadamente. O pessoal manteve-se alerta durante a noite e aos primeiros alvores fez uma batida ao local, encontrando: 1 Elemento IN morto; 1 espingarda automática; 5 carregadores; 3 fitas de metralhadora; 1 granada de LGF; 8 granadas de mão defensivas; 47 cartuchos e muitos rastos de sangue, sinal que o IN sofreu feridos.
A pequena guarnição do destacamento de Messumba
Em 13 de Setembro

A CCAÇ a 2 GC deu início à operação "ARROMBA" com vista a efectuar, de colaboração com a FA, um golpe de mão à base inimiga de NAMATUMBA. A força saiu de NOVA COIMBRA pela estrada de METANGULA, que seguiu durante 2 Kms como medida de decepção, após o que tomou o rumo Norte, em direcção ao objectivo, subindo a SERRA MESSUMBA. às 20H estava a cerca de 4 Kms da base onde pernoitou. Às 4H do dia 14 foi reiniciada a marcha e instalou-se a cerca de 400 metros do objectivo. Entretanto um soldado que pesquisava um trilho, accionou uma armadilha constituída por uma granada de mão mas, ao ouvir a percussão da cápsula fulminante, lançou-se ao chão, pelo que apenas ficou ligeiramente ferido. Momentos depois 3 aviões T- 6 , que depois referenciarem as posições das nossas tropas que tinham lançado uma granada de fumos, fez o bombardeamento da base, após o que ficou um avião no ar a servir de posto de comando volante (P.V.C). Por indicação deste avião foram sucessivamente destruídos :
- Acampamento tipo quartel, com 25 palhotas abandonadas
- Acampamento tipo quartel, com organização defensiva, com 20 palhotas e cercado de mais 30 palhotas de população precipitadamente abandonados.
- Acampamento tipo quartel com 15 palhotas, também precipitadamente abandonados.
- Muita alimentação.
Durante a busca ao acampamento foi capturado:
1 Mochila; 4 Marmitas; Muitos Cartuchos; 1 Farda e Imensa documentação
As NT iniciaram o regresso por outro itinerário e, cerca de 20 minutos depois, foram emboscados por numeroso grupo IN, que foi forçado a retirar com baixas não controladas devido à imediata reacção das NT. A chegada a NOVA COIMBRA verificou-se às 16H do dia 14, depois de ser capturado 1 mulher e 1 criança junto ao antigo acampamento da CENGª  


OPERAÇÃO BASE DOS MACONDES


                                  Por:José  do Rosário 



José Martins e o Pereira, o primeiros à esquerda
foram feridos nesta operação


 Dia 22 de Agosto de 1967

Ao fim da tarde recebemos ordens para nos prepararmos para mais uma operação a partir de Nova Coimbra, província do Niassa- Moçambique.
Ao escurecer lá iniciámos a caminhada à procura do tal aquartelamento da Frelimo a que chamámos dos "Macondes".
Foi-nos pedido pelo capitão Daniel Delgado, que fizéssemos o mínimo de ruído possível, já que para o bom êxito  da operação seria a surpresa a principal condição. A primeira etapa , foi o quartel do Lunho, onde descansámos debaixo de chuva torrencial.Fomos convidados a usar as casernas militares lá instaladas, que recusámos, pois nas camas os percevejos eram mais que muitos. Quem escreve esta narração, com os companheiros:...o Palma, o Constantino e o Paulino, fomos procurar um local onde nos instalássemos. Quando o achámos lá nos  deitamos cada um,  em cima de seis tijolos para a agua que chovia pudesse escorrer por baixo de nós. Passados que foram cerca de duas ou três horas, foi dado a ordem para retomarmos a caminhada até ao objectivo. Chegados lá, ainda escurecia, um dos nativos que fazia parte dos carregadores que transportavam o material radio, foi chamado ao capitão, para informar onde estavam  as armadilhas que estavam instaladas à volta do acampamento. Depois de detectadas e desarmadas , esperámos mais algum tempo para fazer o ataque. Quando começou a clarear o  capitão deu ordens para se formar dois flancos em V  e uma secção de assalto, comandada pelo próprio capitão.
A ordem de fogo seria:... quando ele lançasse a primeira granada e assim foi. Eu que estava na linha da secção de assalto, mais três ou quatro africanos, e quando se dá o rebentamento da primeira granada , começámos nós a ser fuzilados por muito fogo e alguns rebentamentos. Comecei logo a ouvir gritos de feridos e dois dos africanos que estavam comigo também foram  feridos. Gritei para que se deitassem por detrás das árvores e eu já estendido no chão não percebia de onde é que poderia vir tanto fogo. Levantei a cabeça e rodei o pescoço para o lado esquerdo,para perceber o fogo.Quando olhei de novo para a frente, senti uma cacetada na cabeça e pensei ser algum fragmento de pedra ou madeira projectado pelas balas que silvavam sobre nós. O capitão dá ordem para cessar o fogo e é quando se ouvem mais pedidos de ajuda  dos já numerosos  feridos.Foi o resultado da fuzilaria sobre nós. Quando me levantei do chão, já o sangue me  escorria pelo corpo abaixo.Então ouvi o capitão sussurrar  para o alferes Pontes, o Alvalade está arrumado. Mas, não estava, ainda fiz a mensagem (Zulu), a pedir a evacuação dos feridos e fui na ultima leva dos dois helicópteros que nos levaram para o hospital de Vila Cabral.Ás vezes ainda penso,que tive a sorte talvez, de se o único soldado na guerra de Moçambique que levou um tiro na cabeça e voltou vivo para a Metrópole.Mas  levei mais de um mês , e ao acordar durante a noite, a primeira coisa que fazia   era desviar a cabeça para o lado, a  tentar-me desviar do tiro.
Da nossa estadia em Vila Cabral por sermos feridos, um dia fomos (confrontados eu e o Palma) numa rua de Vila Cabral, com o comandante de Sector e o seu ajudante,  a uma distância razoável, por nós não lhe batermos a continência nos mandou chamar. O homem alterado faz-nos um sermão e sempre  dizendo, que tinha-mos o direito de conhecer o nosso comandante de Sector. Ao que nós respondemos...se o senhor andasse por os locais , onde arranjámos estes ferimentos (mostrei-lhe o penso da ferida na cabeça) nós de certeza que o conhecíamos. O homem ainda lamuriou, mas  mandou-nos embora. E nessa noite, mesmo ferido comecei a fazer reforços.Mas quando descobri que  não estava na lista de chamada ao recolher  da noite, comecei a baldar-me quando me apetecia e acabaram-se os reforços. E isto durou  mais de um mês, já que o ferimento deu para arranjar os dentes e tratar de todas as   doenças que inventei.
Passados alguns meses fomos fazer outra vez a mesma operação à tal base dos Macondes. Se calhar para confirmar se já estava activa. Já perto do objectivo o capitão perguntou-nos a mim e ao Palma se valia a pena irmos ao objectivo, o que nós respondemos que sim. Ficámos com a impressão que nos estava a pôr à prova já que fomos os dois feridos na anterior operação, no mesmo local !......

                         "OPERAÇÃO CARAVANA I

A coluna em Nova Coimbra preparando-se para a partida



Em 22 de Setembro teve início a Operação" CARAVANA I "

Com a finalidade de reabastecer em géneros, munições e combustíveis o destacamento de MIANDICA, proceder à rendição da guarnição deste destacamento e evacuar uma cozinha rodada e a carcaça de um avião DO da FAP ali existente. As forças intervenientes foram: CCaç 1558 a 2 GC, 2 GC da CCaç 1560; 1 GC da CCaç 1559; e o Pelotão de Reconhecimento (Sapadores).
Operação "Caravana I" Saída de Nova Coimbra
Todas as forças seguiram em viaturas pela picada do LUNHO até que, 5 Kms antes do acampamento da Engª , a 5ª viatura Mercedes accionou uma mina anti-carro de que resultaram em danos na viatura, um carregador autóctone morto e 7 feridos das NT.
As forças pernoitaram no acampamento da Engenharia e no dia seguinte de madrugada fizeram a travessia do RIO LUNHO num vau preparado pela Engenharia.
A marcha da coluna seguia a corta mato, com o Pelotão de Sapadores a desmatar e fazer pesquisa de minas. A coluna seguia em marcha superior à prevista quando, às 10h30, foi imperioso atravessar a picada antiga e a 1ª viatura Berliet accionou uma mina anti-pessoal antiga o que lhe causou ligeiros danos na roda direita e 2 feridos ligeiros às NT.
Rebentamento de uma mina anti-pessoal a 11Kms de Miandica
O resto do dia foi ocupado no no arranjo da roda da viatura e no dia seguinte (24) pelas 11h a coluna chegou a MIANDICA sem mais incidentes.
Foi feito em 2 dias o percurso que se previa para 4, embora tivessem sido accionadas 2 minas. Para tal facto muito devem ter contribuído as medidas de segurança e contra informação adoptados, conseguindo surpreender o IN que costuma mostra-e muito activo naquele itinerário. Facilitou também a progressão o facto de na véspera do início da operação, a FAP ter lançado granadas incendiárias para queimar o capim no percurso.
Em 25, enquanto se fazia a rendição do destacamento e a conferência dos reabastecimentos, o CMDT das forças enviou 1 GC com a missão de nomadizar e no final queimar o capim que existia na última parte do percurso.
Em 26 de madrugada a coluna saíu de MIANDICA com destino a NOVA COIMBRA, onde chegou cerca das 15 horas.


                              "OPERAÇÃO CARAVANA II
Transporte de Obuses ( Dissimulados )

Em 8 de Outubro de 1967

As bocas de fogo seguiram de VILA CABRAL em viaturas com capotas dissimuladas de ração de combate. A escolta à coluna era constituída pela forças executantes do golpe de mão na operação "CARAVANA I ". A bateria de Artilharia seria transportada até MANIAMBA onde pernoitaria e seguidamente sairia directamente para o LUNHO a fim de evitar ficar em NOVA COIMBRA, onde seria possível detectada pelo IN
Finalmente o início do deslocamento de NOVA COIMBRA foi marcado para o dia 10, a fim de o golpe de mão se realizar na madrugada do dia 14,
A coluna com a Artilharia chegou sem novidade a NOVA COIMBRA, donde partiu no dia 10 para o destacamento do LUNHO, escoltada pelo Pelotão de Reconhecimento (Sapadores).
Detectando minas
Cerca de 8 Kms depois de NOVA COIMBRA a 1ª viatura accionou uma mina anti-carro muito reforçado com explosivo de plástico, que destruiu quase totalmente e provocou às NT 6 feridos, estando entre eles o Cmdt do Pelotão de Sapadores.
Depois da evacuação dos feridos as colunas retomaram a marcha em direcção ao LUNHO. Andados cerca de 500 Metros, a 6ª viatura da coluna desviou-se ligeiramente do trilho , pelo que accionou uma nova mina anti-carro que lhe causou graves danos e provocou 11 feridos. Só às 17 H estas forças conseguiram chegar ao destacamento do LUNHO sem mais incidentes.
No dia 12, às 5h30, a coluna com 10 viaturas atravessou o RIO LUNHO com destino a ESTREMOZ-a-NOVA, abrindo uma nova picada a fim de evitar percorrer a antiga e a aberta na operação "CARAVANA I " que se presumiam minadas.
A foto é de 22 de Setembro de 1967
Conforme aconteceu na referida Operação seguia à frente o Pelotão de Sapadores , seguido de 1 GC, 2 GC como guardas de flanco e 1 GC e a guarnição de obuses como defesa imediata das viaturas. Os GC pertenciam 2 `CCaç 1558, e da CCaç 1560 e 1 da CCaç 1559. Comandava as forças o Capitão Daniel Delgado, Cmdt da CCaç 1558.
Rebentamento duma armadilha a 4 Kms deMiandica
A 4Kms do RIO LUNHO um homem da guarda do flanco esquerdo accionou uma armadilha, de que resultaram 2 feridos ligeiros e 1 ferido grave que viria a falecer em VILA CABRAL. Os feridos seguiram para ESTREMOZ -a- NOVA donde foram evacuados num DO que ali aguardava a coluna, que ali chegou sem mais incidentes.
às 21 H do dia 13 os GC partiram para MIANDICA (velha), a fim de ocuparem as posições previstas na Ordem de Operações que lhes permitiam abordar a base In pelo lado Norte, que não estava armadilhado, segundo informou o desertor IN que servia de guia. Das 3H30 às 5h30 decorreu o bombardeamento da artilharia que terminou às 6 H, hora em que as forças terrestres ocuparam a Base 
Capitão Delgado, junto aos obuses em Miandica


Os Obuses a dispararem
Procedeu-se à destruição da Base, que era constiutuída por 30 palhotas, tinha organização defensiva e fora precipitadamente abandonada, o que prova que o IN foi completamente apanhado de surpresa.
Havia documentos com data de 13 de Outubro (dia anterior ao golpe de mão)
Regresso das NT junto ao RIO Tule
Em 16 todas as da coluna auto iniciaram o regresso, com cobertura aérea durante a primeira parte do trajecto. Após 7 Kms de marcha, um soldado Sapador  detectou e levantou uma mina anti-carro reforçada com uma granada de mão defensiva. As NT chegaram ao LUNHO às 10h30 e a NOVA COIMBRA às 16H, sem mais incidentes.

O mês de Outubro de 1967 revelou-se fatídico para a CCAÇ 1558. Em meados do mês, vítimas de uma armadilha ficaram gravemente feridos e posteriormente evacuados para a Metrópole o Furriel Avelino Cardoso e o Soldado Barata. A 31 deste mês igualmente vítima de uma armadilha, morreu o Furriel Alberto Freitas 


21 de Outubro de 1967

 a companhia foi surpreendida em NOVA COIMBRA pelo rebentamento de granadas de morteiro, seguidos imediatamente de tiros LGF e armas automáticas. Após a resposta das NT, o IN em grande número foi obrigado a retirar. Este ataque deve ter sido realizado comp represália por ter sido destruído, recentemente, a Base Central do Niassa.

Em 7 de Novembro de 1967

, saíram de NOVA COIMBRA para o destacamento do LUNHO, 3 GC da CCAÇ 1558 sob o Comando do Cmdt da CCAÇ 1559 ( o Cmdt da CCAÇ estava de licença) a fim de executarem a operação " ALFERES CARTAXO", com a finalidade de explorar uma mulher capturada recentemente que dizia saber o para uma base IN que devia ser a base de CHITEGE. As forças chegaram ao LUNHO sem novidade e no dia seguinte (8)às 4h iniciaram a progressão.
Cerca das 10h foi encontrado um acampamento com 16 palhotas onde havia restos de comida quentes e que devia ter sido abandonado precipitadamente por ter passado na altura um avião T-6.
Depois de revisto e destruído o acampamento as NT reiniciaram a marcha, tendo atingido o objectivo cerca das 15h30, mas estava abandonado recentemente. Depois de destruída a base, que era contituída por 20 palhotas e um posto de sentinela, as NT iniciaram o regresso. Durante a noite foram vistos vários very-lights Na direcção do MONTE CHISSINDO, sinal de que tínhamos sido detectados. 
Em 9, às 04h, foi reiniciado o regresso ao destacamento do LUNHO. Cerca das 07h30 foi avistado um IN armado. Feito o cerco, foi ferido e capturado quando tentava fugir, sendo-lhe apreendida uma arma MOSIN NAGANT e 1 CATANA.
As NT chegaram ao LUNHO às 10h30, de onde foi feita a evacuação do preso ferido para VILA CABRAL em helicóptero. O regresso a NOVA COIMBRA verificou-se no dia seguinte sem mais ocorrências.

Em 22 de Novembro de 1967 

A CCAÇ 1558 a 3 GC, deu início à operação "RAZIA" com a finalidade de recuperar população e destruír uma machamba na região. As forças seguiram apeadas para o destacamento do LUNHO e daqui, na madrugada de 24,seguiram para a zona do objectivo onde destruíram 4 palhotas e uma grande machamba, regressando no fim desse dia ao LUNHO. 
Em 25 de manhã iniciaram o regresso a NOVA COIMBRA, picando a estrada do LUNHO , 10 Kms andados foi detectada e levantada uma mina anti carro. Recomeçada a marcha e passado um Km foi detectada e levantada nova mina anti-carro, A chegada a NOVA COIMBRA verificou-se às 13h30 sem mais ocorrências.
Rendidos em Miandica em direcção ao Lunho

Em 1 de Dezembro de 1967

 Em Miandica continuam os trabalhos de rendição da guarnição pelo GC da CCaç 1558 que para ali tinha seguido em 29 de Novembro.
Em 2 de Dezembro rendido iniciou o regresso em direcção ao destacamento do LUNHO, onde chegou nesse dia e pernoitou, 
Em 3 de madrugada saiu pela estrada do LUNHO, apeado tendo chegado a NOVA COIMBRA às 10h sem qualquer ocorrência.




Em 14 de Dezembro de 1967, 

ACompanhia a 2 GC e um pelotão de milícias, deu início à operação "MÃOS DADAS"  com a finalidade de recuperar população de 2 acampamentos referenciados por um preso. 
As forças saíram de NOVA COIMBRA pela estrada do LUNHO e cerca de 7 Kms depois fraccionaram-se em dois grupos a fim de fazerem acções simultâneas nos dois acampamentos. A acção decorreu normalmente sendo destruídos dois acampamentos, um dos quais estava abandonado e capturados 5 homens; 11 mulheres, 8 crianças e 1 espingarda NOSIN NAGANT.

A 18 de Dezembro de 1967

No comando do Batalhão, procedia-se ao interrogatório do pessoal capturado na operação "MÃOS DADAS", tendo-se verificado que um dos homens sabia a localização duma base de segurança junto ao RIO MEPOCHE. 
Foi imediatamente ordenado à CCAÇ 1558 que montasse uma operação a que se deu o nome de "FURRIEL FREITAS"

No dia 18 de Dezembro de 1967

A CCAÇ 1558 a 2 GC deu início à operação " FURRIEL FREITAS" dirigindo-se pela estrada do LUNHO para o acampamento onde o guia tinha sido capturado a fim de ele se orientar. Deste acampamento seguiram as forças em direcção ao RIO MEPOCHE, percorrendo a região durante o resto do dia e parte do dia seguinte sem nada encontrarem, pelo que se dirigiram ao destacamento do LUNHO, onde o preso foi novamente interrogado. Declarou que se perdera mas que agora já era capaz de ir à Base.
O prisioneiro no Lunho
No dia 21 foi reiniciada a operação mas, quando já se encontrava na zona do RIO MEPOCHE, o guia declarou que conhecia o caminho mas que não levava a tropa à base porque tinha medo. Por estes motivo as NT regressaram a NOVA COIMBRA, onde chegaram em 22 às 08h30 sem nada terem detectado.
Entretanto no Comando do Batalhão prosseguia o interrogatório dos restantes presos, tendo-se provado que o guia que fora utilizado tinha estado no acampamento e que tinha um irmão combatente na base de segurança do RIO MEPOCHE, razão porque não levou lá as NT.
O preso ficou em NOVA COIMBRA a fim de ser sujeito a intensa acção psicológica com vista à sua recuperação e ser novamente explorado.

Em 26 de Dezembro de 1967

Na continuação da exploração dos presos feitos durante a operação " MÃOS DADAS " a CCAÇ 1558 a 2 GC deu início à operação "RUMO VELHO" a fim de tentar fazer um golpe de mão à base de NAMATUMBA, onde o preso guia esteve preso (segundo dizia) do IN.
As forças seguiram a estrada do LUNHO e a cerca de 7Kms flectiram para Noroeste a fim de atravessarem o RIO LUNHO.
Durante cerca de duas horas as NT andaram às voltas do mesmo ponto até que, cerca das 17h, conseguiram atravessar o LUNHO . Cerca das 24H o guia disse que a base estava a meia hora de marcha, pelo que foi resolvido descansar até às 2H . Retomada a marcha, com uma noite muito escura, as NT caminhavam já durante 3H quando o guia admitiu que se perdera devido à escuridão mas que de dia dava com a base. Foi resolvido fazer a aproximação de dia mas andadas poucas centenas de metros surgiu um acampamento de população que começou aos gritos.
Feito o cerco foram capturadas trê mulheres e quatro crianças tendo fugido um homem que não se intimidou com o fogo feito pelas NT.
Feita a busca ao acampamento foi capturado: 1 Sabre; 1 cartucheiras e 3 almotolias.
Enquanto as NT destruíam o acampamento foram flageladas com tiros de armas automáticas que se calaram imediatamente quando foi feito um tiro de morteiro. Por já estarem detectadas as NT regressaram a NOVA COIMBRA , onde chegaram a 27 sem mais ocorrências.

A 10 de Janeiro de 1968

Um GC da CCaç 1558 iniciou a operação "MACONDE II" a fim de explorar o IN capturado na operação "ALFERES CARTAXO" e que declarara saber onde estava a base dos LIJOMBOS 
O GC deslocou-se para o acampamento do LUNHO numa coluna auto que para lá se dirigia, e às 15h saiu em direcção ao objectivo. A força seguiu em coluna por um atalho, com o preso guia sob a vigilância dum Cabo, à retaguarda deste um milícia que servia de intérprete e a seguir o Cmdt do GC. Após uma hora a corta mato a progressão tornou-se difícil devido às imensa hora de marcha. Ao atravessarem um pequeno riacho o Cabo que vigiava o prisioneiro accionou uma armadilha que lhe provocou vários ferimentos numa perna e na cabeça e atingiu gravemente o milícia nos olhos.
Mais um ferido a ser recuperado por helicóptero
 O guia nada teve de  ferimentos por se encontrar num plano superior , pôs-se em fuga. 
As NT iniciaram o regresso ao LUNHO,que foi difícil e demorado devido à densa vegetação. Chegaram sem mais ocorrência às 21h.
Foi pedida directamente a evacuação dos feridos que se registou no dia seguinte à 8h em helicóptero.

A 12 de Janeiro de 1968

Saiu de NOVA COIMBRA um GC da CCaç 1558 a fim de realizar a operação "FLECHA", com a finalidade de explorar novamente o preso que tinha ido servir de guia na operação "FURRIEL FREITAS", e prometia desta vez levar as NT ao acampamento IN existente junto ao RIO MEPOCHE.
As NT seguiram apeadas até ao destacamento do LUNHO, onde passaram a noite. às 04h do dia 13 saíram em direcção ao RIO MEPOCHE . Após 7h de marcha foi encontrada uma grande machamba bem tratada que tentaram contornar a fim de não serem detectadas. tal, pois foi avistado um IN ao longe a saltar de uma árvore e internar-se na mata. Do alto de um monte foram avistadas várias machambas e gente a trabalhar. feita a aproximação de uma das machambas foi montado um cerco, deficiente devido ao pequeno efectivo, e iniciada uma busca, foi vista uma sentinela que procuraram capturar sem sucesso.
Quando procediam à busca numa outra machamba as NT foram flageladas, mas não responderam para não referenciarem a sua posição. Entretanto é visto um IN armado em fuga. Meia hora depois é atingido o cume de um monte, onde foi localizado um acampamento e foram capturados duas granadas de mão defensivas. No seguimento da operação foram capturadas 2 mulheres e uma criança.
Uma hora depois as NT iniciaram o regresso, durante o qual viram mais um IN em fuga. A chegada ao destacamento do LUNHO verificou-se às 19 h. Em 14, aproveitando uma coluna auto as NT regressaram a NOVA COIMBRA.
Resultados finais da operação:
Capturadaos: 2 mulheres; 1 criança; 2 GMD; 1 catana e um par de botas

6 de Fevereiro de 1968

Um GC da CCAÇ 1558 detectou e levantou uma mina anti-carro na estrada do LUNHO e a 7 Kms de NOVA COIMBRA .


Reiniciada a marcha, foi detectada nova mina colocada a 70 metros à frente da primeira. Como se verificasse que era de um modelo desconhecido, foi accionada voluntariamente pois parecia ter dispositivo anti levantamento. 

 14 de Fevereiro de 1968

No Comando do Batalhão foi recebida a mensagem nº 661/c/68 do QG informando que o 1º escalão devia estar no CATUR em 17 a fim de embarcar em Caminho de Ferro para o Sector D.
foi dada ordem para NOVA COIMBRA para interromper a operação "CALHAU " que se desenrolava desde este dia na região da base IN de NAMATUMBA.
Entretanto não se conseguia não se conseguia entrar em contacto com os 2 GC da CCAÇ 1558, que estava na operação "CALHAU" a fim de os fazer regressar a NOVA COIMBRA. 
Houve porém a sorte de inesperadamente aterrar em METANGULA um avião T-6 que transportava o Cmdt da CCAV 1601 que ia tratar de assuntos operacionais. Fez-se um RVIS na região do objectivo a fim de ordenar o regresso da Companhia. Após meia hora de voo e de infrutíferas pesquisas e chamadas pelo Rádio do avião, foi vista uma coluna de fumo branco que, sobrevoada, se verificou ser uma granada de fumos lançada pela CCAÇ 1558, que entretanto percebera que o avião andava à sua procura mas não, conseguiu contacto rádio pois o aparelho de que dispunham estava avariado devido `chuva que caíra. Por este motivo a ordem para o regresso foi dada com o braço e só percebida após várias passagens pelo avião sobre as forças
Foi graças a esta série de felizes circunstâncias que foi possível que o 1º escalão do Batalhão embarcasse no dia 15 às 10h15 em lanchas da Marinha sob o comando do 2º Cmdt do Batalhão, com destino a MEPONDA, donde seguiu em coluna auto para o CATUR. Do CATUR seguiram em caminho de ferro, até MUTUALI, os 1º escalões da CCS e da CCAÇ 1559, e até IAPALA os 1º escalões das CCAÇ 1558 e 1560 que se destinavam respectivamente ao ALTO MOLÓCUÉ e GILÉ.

Em 24 de Fevereiro de 1968

A CARTª 2324 saiu de METANGULA apeada para NOVA COIMBRA onde chegou às 11 h. às 11h30 chegou a METANGULA um GC da CARTª 2325 que se destinava a seguir para MIANDICA.
às 16 h este GC seguiu para NOVA COIMBRA , donde partiu em 25 juntamente com uma Secção da CCAÇ 1558 com destino a MIANDICA, onde chegou sem qualquer sem qualquer incidente. Passado pouco tempo (às 17H) um numeroso grupo IN calculado em 50 elementos desencadeou um forte ataque ao destacamento, com morteiros 82 M/M e armas automáticas. As primeiras granadas de morteiro caíram dentro do recinto do destacamento. 
António Fernandes o último soldado português morto em Miandica
Gerou-se uma certa desorientação no pessoal novo acabado de chegar, Logo nos primeiros momentos, quando corria para a sua posição de tiro, o soldado ANTÓNIO FERNANDES da CCAÇ 1558 foi atingido com um estilhaço de granada na cabeça, continuando a correr até ao abrigo, onde caiu, falecendo poucos minutos depois. Clik aqui para ler a crónica " O último ataque a Miandica"
Este ataque devia estar de antemão preparado para ser feito após a chegada do pessoal de rendição. Por tal presunção ordenou-se à CCAÇ 1558 que tentasse investigar durante os trabalhos de rendição. Das investigações feitas resultaram a prisão dum autóctone ( de alcunha ALICATE) que servia de guia. Depois de muito instado confessou ter ligação com um elemento da população do aldeamento de NOVA COIMBRA que era informador do IN e que também foi detido.
O CMDT da CCAÇ 1558 após ouvir o relato do sucedido em MIANDICA concluiu que teria sido usado pela primeira vez no Sector um canhão sem recuo.

O Meu relato do Ultimo ataque a Miandica :

José do Rosário

Corria o mês de Fevereiro de 1968, um domingo antes do Carnaval, quem escreve estas linhas lia o livro, de título “ Sob o nevoeiro” enviado pelo Movimento Nacional Feminino, sentado no posto de vigia a noroeste do destacamento, quando vejo aparecer um branco de camuflado, com a G3, arrojada pela terra, e muito cansado. Grito-lhe, não dás nem mais um passo… e porquê esta minha atitude… ( nas vésperas tínhamos recebido informação dum golpe de mão perpetrado por brancos num destacamento contra nós na zona de Cabo Delgado, O sujeito bem berrou que era do pelotão que nos vinha render,,, começaram a chegar mais militares e pouco depois começou um forte de bombardeamento, por uma arma nunca usada contra nós naquela zona, o canhão sem recuo. Depois, sofremos a última baixa em combate, o soldado Fernandes.
Nota final: passados dois meses Miandica foi abandonada parece que sem honra nem glória. Ao que me contaram em Vila Cabral, quando com quase 26 meses de Moçambique fomos chamados de novo a intervir na zona de operações na região de Nova Viseu !

 Relato  de A. Carvalho 1.º cabo Enfermeiro:


Fiz parte do último grupo da Companhia Caçadores 1558 que foi destacado para Miandica.
Não vale a pena descrever as más condições, a todos os níveis, que lá passámos nos 3 meses que durava o destacamento, pois isso é do conhecimento de uma grande parte dos ex-militares que compunham o Batalhão de Caçadores 1891. Desde a falta de comida, correio, por vezes munições e tabaco, que foi muitas vezes a nossa única companhia.
Mas vou descrever um episódio, o último naquele lugar longe de tudo.
No dia 25 de Fevereiro de 1968, estava para chegar o novo grupo de combate que nos ia substituir, para podermos regressar a Nova Coimbra já que o nosso tempo de comissão estava a terminar.
Antes da chegada, combinado com todos os elementos, o alferes Quintas, que substituiu o alferes Sancho por ter sido ferido em combate, resolveu pregar uma partida aos “Checas”, trocando todos os postos, tendo ele passado a soldado e cabendo a mim o galão de alferes.
Todos tinham as suas divisas e galões trocados, para confundir os Chekas
Quando chegaram os novos, depois de termos recebido as instruções para o novo desempenho de funções, dirigi-me ao graduado que comandava os “Checas” e apresentei-me como sendo o alferes Quintas.
Depois de uma curta conversa, comecei a mostrar as instalações, que eram fáceis de visitar, pois quase nada havia.
Andei por cima da barreira que nos protegia, com o já citado novo comandante, explicando-lhe quais as zonas consideradas mais perigosas e de possíveis ataques.
Passado algum tempo e conforme já previamente combinado, separei-me por uns momentos do meu interlocutor e rapidamente voltámos aos respectivos postos, coloquei os meus óculos escuros, graduados, para não ser facilmente reconhecido e então o verdadeiro alferes Quintas tomou o seu posto e foi ter com o seu homologo, contando-lhe a brincadeira a que tinha sido submetido.
Eu fui ter com o meu colega enfermeiro que me ia render e entabulei então a conversa normal de mais velho para mais novo, dizendo-lhe que a zona era perigosa, sujeita a ataques, que ainda não tínhamos tido nenhum por sorte, e que a vida ali era muito dura.
Recebi como resposta “isso é conversa de velhos para nos meterem medo, pois em Nova Coimbra disseram-nos que havia muitas minas pelo caminho e nada nos aconteceu” .
Cerca das 16.50 horas, quase mal tínhamos acabado esta conversa, sofremos sim um ataque, como penso ainda não se tinha registado por ali, a partir do mato junto à pista de aterragem, com morteiros, bazucas e canhão sem recuo.
Com a surpresa e porque os novos, segundo penso que foi essa a informação que eles me transmitiram, tinham chegado directamente da metrópole, não tendo qualquer experiencia de guerra, muitos, tiveram como reacção deitarem-se no chão não crendo no que lhes estava a acontecer.
Coube-nos a nós, velhos, rechaçar o ataque, e não me esqueço daquele acto do nosso colega, que não me lembro o nome mas a alcunha “França” que saltou para cima da barreira de protecção e a descoberto, com raiva descarregou os carregadores da G3 para a zona de onde provinha o ataque.
Mas, infelizmente a primeira granada que é disparada pelo inimigo cai dentro do acampamento e mata o meu grande amigo Fernandes, que era o padeiro e que ao sentir o ataque desloca-se á barraca que nos servia de abrigo, buscar a G3 e quando ia para a barreira foi atingido, ficando com a cabeça quase desfeita, (o Fernandes está na foto anexa a almoçar e com uma caneca na mão.

António Fernandes, de caneca na mão dias antes da sua morte em Miandica
Mas o pior estava para acontecer, como o ataque tinha sido perto das 17 horas, e o inimigo também sabia, a aviação já não nos podia socorrer, embora tenha sido pedida a evacuação via rádio, ainda a 25 de Fevereiro.
No dia 26 de manhã, apareceu o helicóptero para fazer a evacuação, só que não havia feridos, mas um morto.
O alferes Quintas recebeu como resposta que não evacuavam mortos e que teríamos de o enterrar no mato em Miandica, tendo o mesmo dito que isso não faria, mas o carregaríamos mais de 40 km a corta mato, às costas, até Nova Coimbra, já que íamos regressar no dia seguinte aquele quartel para regressarmos a Portugal.
O comandante da aeronave, penso que tocado no coração, resolveu levar, contra todas as ordens, o corpo para Nova Coimbra.

António Carvalho


Em 5 de Março de 1968

Os 2º escalões do Batalhão saíram de METANGULA para MEPONDA em lanchas da Marinha sob o Comando do CMDT do Batalhão. 
No dia 7 a CCAÇ 1558 saiu do CATUR e pernoitou em 
NOVA FREIXO
No dia 8 chegaram finalmente ao ALTO MOLÓCUÉ cerca das 19 h.

Em 11 de Maio de 1968

 Às 06 h a CCAÇ 1558 a 3 GC saiu do ALTO MOLÓCUÉ com destino a VILA CABRAL e daqui para NOVA VISEU. Clic Aqui para ver C.ª 1558 em Nova Viseu





O mês de Outubro de 1967 revelou-se fatídico para a CCAÇ 1558. Em meados do mês, vítimas de uma armadilha ficaram gravemente feridos e posteriormente evacuados para a Metrópole o Furriel Avelino Cardoso e o Soldado Barata. A 31 deste mês igualmente vítima de uma armadilha, morreu o Furriel Alberto Freitas,

21 de Outubro de 1967

 a companhia foi surpreendida em NOVA COIMBRA pelo rebentamento de granadas de morteiro, seguidos imediatamente de tiros LGF e armas automáticas. Após a resposta das NT, o IN em grande número foi obrigado a retirar. Este ataque deve ter sido realizado comp represália por ter sido destruído, recentemente, a Base Central do Niassa.

Em 7 de Novembro de 1967,

 saíram de NOVA COIMBRA para o destacamento do LUNHO, 3 GC da CCAÇ 1558 sob o Comando do Cmdt da CCAÇ 1559 ( o Cmdt da CCAÇ estava de licença) a fim de executarem a operação " ALFERES CARTAXO", com a finalidade de explorar uma mulher capturada recentemente que dizia saber o para uma base IN que devia ser a base de CHITEGE. As forças chegaram ao LUNHO sem novidade e no dia seguinte (8)às 4h iniciaram a progressão.
Cerca das 10h foi encontrado um acampamento com 16 palhotas onde havia restos de comida quentes e que devia ter sido abandonado precipitadamente por ter passado na altura um avião T-6.
Depois de revisto e destruído o acampamento as NT reiniciaram a marcha, tendo atingido o objectivo cerca das 15h30, mas estava abandonado recentemente. Depois de destruída a base, que era contituída por 20 palhotas e um posto de sentinela, as NT iniciaram o regresso. Durante a noite foram vistos vários very-lights Na direcção do MONTE CHISSINDO, sinal de que tínhamos sido detectados. 
No dia  9, às 04h, foi reiniciado o regresso ao destacamento do LUNHO. Cerca das 07h30 foi avistado um IN armado. Feito o cerco, foi ferido e capturado quando tentava fugir, sendo-lhe apreendida uma arma MOSIN NAGANT e 1 CATANA.
As NT chegaram ao LUNHO às 10h30, de onde foi feita a evacuação do preso ferido para VILA CABRAL em helicóptero. O regresso a NOVA COIMBRA verificou-se no dia seguinte sem mais ocorrências.

Em 22 de Novembro de 1967 

A CCAÇ 1558 a 3 GC, deu início à operação "RAZIA" com a finalidade de recuperar população e destruír uma machamba na região. As forças seguiram apeadas para o destacamento do LUNHO e daqui, na madrugada de 24,seguiram para a zona do objectivo onde destruíram 4 palhotas e uma grande machamba, regressando no fim desse dia ao LUNHO. 
Em 25 de manhã iniciaram o regresso a NOVA COIMBRA, picando a estrada do LUNHO , 10 Kms andados foi detectada e levantada uma mina anti carro. Recomeçada a marcha e passado um Km foi detectada e levantada nova mina anti-carro, A chegada a NOVA COIMBRA verificou-se às 13h30 sem mais ocorrências.
Rendidos em Miandica em direcção ao Lunho

Em 1 de Dezembro de 1967,

 em Miandica continuam os trabalhos de rendição da guarnição pelo GC da CCaç 1558 que para ali tinha seguido em 29 de Novembro.
Em 2 de Dezembro rendido iniciou o regresso em direcção ao destacamento do LUNHO, onde chegou nesse dia e pernoitou, 
Em 3 de madrugada saiu pela estrada do LUNHO, apeado tendo chegado a NOVA COIMBRA às 10h sem qualquer ocorrência.




Em 14 de Dezembro de 1967,

 a Companhia a 2 GC e um pelotão de milícias, deu início à operação "MÃOS DADAS"  com a finalidade de recuperar população de 2 acampamentos referenciados por um preso. 
As forças saíram de NOVA COIMBRA pela estrada do LUNHO e cerca de 7 Kms depois fraccionaram-se em dois grupos a fim de fazerem acções simultâneas nos dois acampamentos. A acção decorreu normalmente sendo destruídos dois acampamentos, um dos quais estava abandonado e capturados 5 homens; 11 mulheres, 8 crianças e 1 espingarda NOSIN NAGANT.

A 18 de Dezembro de 1967

No comando do Batalhão, procedia-se ao interrogatório do pessoal capturado na operação "MÃOS DADAS", tendo-se verificado que um dos homens sabia a localização duma base de segurança junto ao RIO MEPOCHE. 
Foi imediatamente ordenado à CCAÇ 1558 que montasse uma operação a que se deu o nome de "FURRIEL FREITAS"

A CCAÇ 1558 a 2 GC deu início à operação " FURRIEL FREITAS" dirigindo-se pela estrada do LUNHO para o acampamento onde o guia tinha sido capturado a fim de ele se orientar. Deste acampamento seguiram as forças em direcção ao RIO MEPOCHE, percorrendo a região durante o resto do dia e parte do dia seguinte sem nada encontrarem, pelo que se dirigiram ao destacamento do LUNHO, onde o preso foi novamente interrogado. Declarou que se perdera mas que agora já era capaz de ir à Base.
O prisioneiro no Lunho
No dia 21 foi reiniciada a operação mas, quando já se encontrava na zona do RIO MEPOCHE, o guia declarou que conhecia o caminho mas que não levava a tropa à base porque tinha medo. Por estes motivo as NT regressaram a NOVA COIMBRA, onde chegaram em 22 às 08h30 sem nada terem detectado.
Entretanto no Comando do Batalhão prosseguia o interrogatório dos restantes presos, tendo-se provado que o guia que fora utilizado tinha estado no acampamento e que tinha um irmão combatente na base de segurança do RIO MEPOCHE, razão porque não levou lá as NT.
O preso ficou em NOVA COIMBRA a fim de ser sujeito a intensa acção psicológica com vista à sua recuperação e ser novamente explorado.

Em 26 de Dezembro de 1967

Na continuação da exploração dos presos feitos durante a operação " MÃOS DADAS " a CCAÇ 1558 a 2 GC deu início à operação "RUMO VELHO" a fim de tentar fazer um golpe de mão à base de NAMATUMBA, onde o preso guia esteve preso (segundo dizia) do IN.
As forças seguiram a estrada do LUNHO e a cerca de 7Kms flectiram para Noroeste a fim de atravessarem o RIO LUNHO.
Durante cerca de duas horas as NT andaram às voltas do mesmo ponto até que, cerca das 17h, conseguiram atravessar o LUNHO . Cerca das 24H o guia disse que a base estava a meia hora de marcha, pelo que foi resolvido descansar até às 2H . Retomada a marcha, com uma noite muito escura, as NT caminhavam já durante 3H quando o guia admitiu que se perdera devido à escuridão mas que de dia dava com a base. Foi resolvido fazer a aproximação de dia mas andadas poucas centenas de metros surgiu um acampamento de população que começou aos gritos.
Feito o cerco foram capturadas trê mulheres e quatro crianças tendo fugido um homem que não se intimidou com o fogo feito pelas NT.
Feita a busca ao acampamento foi capturado: 1 Sabre; 1 cartucheiras e 3 almotolias.
Enquanto as NT destruíam o acampamento foram flageladas com tiros de armas automáticas que se calaram imediatamente quando foi feito um tiro de morteiro. Por já estarem detectadas as NT regressaram a NOVA COIMBRA , onde chegaram a 27 sem mais ocorrências.

A 10 de Janeiro de 1968

Um GC da CCaç 1558 iniciou a operação "MACONDE II" a fim de explorar o IN capturado na operação "ALFERES CARTAXO" e que declarara saber onde estava a base dos LIJOMBOS 
O GC deslocou-se para o acampamento do LUNHO numa coluna auto que para lá se dirigia, e às 15h saiu em direcção ao objectivo. A força seguiu em coluna por um atalho, com o preso guia sob a vigilância dum Cabo, à retaguarda deste um milícia que servia de intérprete e a seguir o Cmdt do GC. Após uma hora a corta mato a progressão tornou-se difícil devido às imensa hora de marcha. Ao atravessarem um pequeno riacho o Cabo que vigiava o prisioneiro accionou uma armadilha que lhe provocou vários ferimentos numa perna e na cabeça e atingiu gravemente o milícia nos olhos.
Mais um ferido a ser recuperado por helicóptero
 O guia nada teve de  ferimentos por se encontrar num plano superior , pôs-se em fuga. 
As NT iniciaram o regresso ao LUNHO,que foi difícil e demorado devido à densa vegetação. Chegaram sem mais ocorrência às 21h.
Foi pedida directamente a evacuação dos feridos que se registou no dia seguinte à 8h em helicóptero.

A 12 de Janeiro de 1968

Saiu de NOVA COIMBRA um GC da CCaç 1558 a fim de realizar a operação "FLECHA", com a finalidade de explorar novamente o preso que tinha ido servir de guia na operação "FURRIEL FREITAS", e prometia desta vez levar as NT ao acampamento IN existente junto ao RIO MEPOCHE.
As NT seguiram apeadas até ao destacamento do LUNHO, onde passaram a noite. às 04h do dia 13 saíram em direcção ao RIO MEPOCHE . Após 7h de marcha foi encontrada uma grande machamba bem tratada que tentaram contornar a fim de não serem detectadas. tal, pois foi avistado um IN ao longe a saltar de uma árvore e internar-se na mata. Do alto de um monte foram avistadas várias machambas e gente a trabalhar. feita a aproximação de uma das machambas foi montado um cerco, deficiente devido ao pequeno efectivo, e iniciada uma busca, foi vista uma sentinela que procuraram capturar sem sucesso.
Quando procediam à busca numa outra machamba as NT foram flageladas, mas não responderam para não referenciarem a sua posição. Entretanto é visto um IN armado em fuga. Meia hora depois é atingido o cume de um monte, onde foi localizado um acampamento e foram capturados duas granadas de mão defensivas. No seguimento da operação foram capturadas 2 mulheres e uma criança.
Uma hora depois as NT iniciaram o regresso, durante o qual viram mais um IN em fuga. A chegada ao destacamento do LUNHO verificou-se às 19 h. Em 14, aproveitando uma coluna auto as NT regressaram a NOVA COIMBRA.
Resultados finais da operação:
Capturadaos: 2 mulheres; 1 criança; 2 GMD; 1 catana e um par de botas

6 de Fevereiro de 1968

Um GC da CCAÇ 1558 detectou e levantou uma mina anti-carro na estrada do LUNHO e a 7 Kms de NOVA COIMBRA .


Reiniciada a marcha, foi detectada nova mina colocada a 70 metros à frente da primeira. Como se verificasse que era de um modelo desconhecido, foi accionada voluntariamente pois parecia ter dispositivo anti levantamento. 

 14 de Fevereiro de 1968

No Comando do Batalhão foi recebida a mensagem nº 661/c/68 do QG informando que o 1º escalão devia estar no CATUR em 17 a fim de embarcar em Caminho de Ferro para o Sector D.
foi dada ordem para NOVA COIMBRA para interromper a operação "CALHAU " que se desenrolava desde este dia na região da base IN de NAMATUMBA.
Entretanto não se conseguia não se conseguia entrar em contacto com os 2 GC da CCAÇ 1558, que estava na operação "CALHAU" a fim de os fazer regressar a NOVA COIMBRA. 
Houve porém a sorte de inesperadamente aterrar em METANGULA um avião T-6 que transportava o Cmdt da CCAV 1601 que ia tratar de assuntos operacionais. Fez-se um RVIS na região do objectivo a fim de ordenar o regresso da Companhia. Após meia hora de voo e de infrutíferas pesquisas e chamadas pelo Rádio do avião, foi vista uma coluna de fumo branco que, sobrevoada, se verificou ser uma granada de fumos lançada pela CCAÇ 1558, que entretanto percebera que o avião andava à sua procura mas não, conseguiu contacto rádio pois o aparelho de que dispunham estava avariado devido `chuva que caíra. Por este motivo a ordem para o regresso foi dada com o braço e só percebida após várias passagens pelo avião sobre as forças
Foi graças a esta série de felizes circunstâncias que foi possível que o 1º escalão do Batalhão embarcasse no dia 15 às 10h15 em lanchas da Marinha sob o comando do 2º Cmdt do Batalhão, com destino a MEPONDA, donde seguiu em coluna auto para o CATUR. Do CATUR seguiram em caminho de ferro, até MUTUALI, os 1º escalões da CCS e da CCAÇ 1559, e até IAPALA os 1º escalões das CCAÇ 1558 e 1560 que se destinavam respectivamente ao ALTO MOLÓCUÉ e GILÉ.

Em 24 de Fevereiro de 1968

A CARTª 2324 saiu de METANGULA apeada para NOVA COIMBRA onde chegou às 11 h. às 11h30 chegou a METANGULA um GC da CARTª 2325 que se destinava a seguir para MIANDICA.
às 16 h este GC seguiu para NOVA COIMBRA , donde partiu em 25 juntamente com uma Secção da CCAÇ 1558 com destino a MIANDICA, onde chegou sem qualquer sem qualquer incidente. Passado pouco tempo (às 17H) um numeroso grupo IN calculado em 50 elementos desencadeou um forte ataque ao destacamento, com morteiros 82 M/M e armas automáticas. As primeiras granadas de morteiro caíram dentro do recinto do destacamento. 
António Fernandes o último soldado português morto em Miandica
Gerou-se uma certa desorientação no pessoal novo acabado de chegar, Logo nos primeiros momentos, quando corria para a sua posição de tiro, o soldado ANTÓNIO FERNANDES da CCAÇ 1558 foi atingido com um estilhaço de granada na cabeça, continuando a correr até ao abrigo, onde caiu, falecendo poucos minutos depois. Clik aqui para ler a crónica " O último ataque a Miandica"
Este ataque devia estar de antemão preparado para ser feito após a chegada do pessoal de rendição. Por tal presunção ordenou-se à CCAÇ 1558 que tentasse investigar durante os trabalhos de rendição. Das investigações feitas resultaram a prisão dum autóctone ( de alcunha ALICATE) que servia de guia. Depois de muito instado confessou ter ligação com um elemento da população do aldeamento de NOVA COIMBRA que era informador do IN e que também foi detido.
O CMDT da CCAÇ 1558 após ouvir o relato do sucedido em MIANDICA concluiu que teria sido usado pela primeira vez no Sector um canhão sem recuo.

O Meu relato do Ultimo ataque a Miandica :

José do Rosário

Corria o mês de Fevereiro de 1968, um domingo antes do Carnaval, quem escreve estas linhas lia o livro, de título “ Sob o nevoeiro” enviado pelo Movimento Nacional Feminino, sentado no posto de vigia a noroeste do destacamento, quando vejo aparecer um branco de camuflado, com a G3, arrojada pela terra, e muito cansado. Grito-lhe, não dás nem mais um passo… e porquê esta minha atitude… ( nas vésperas tínhamos recebido informação dum golpe de mão perpetrado por brancos num destacamento contra nós na zona de Cabo Delgado, O sujeito bem berrou que era do pelotão que nos vinha render,,, começaram a chegar mais militares e pouco depois começou um forte de bombardeamento, por uma arma nunca usada contra nós naquela zona, o canhão sem recuo. Depois, sofremos a última baixa em combate, o soldado Fernandes.
Nota final: passados dois meses Miandica foi abandonada parece que sem honra nem glória. Ao que me contaram em Vila Cabral, quando com quase 26 meses de Moçambique fomos chamados de novo a intervir na zona de operações na região de Nova Viseu !

 Relato  de A. Carvalho 1.º cabo Enfermeiro:


Fiz parte do último grupo da Companhia Caçadores 1558 que foi destacado para Miandica.
Não vale a pena descrever as más condições, a todos os níveis, que lá passámos nos 3 meses que durava o destacamento, pois isso é do conhecimento de uma grande parte dos ex-militares que compunham o Batalhão de Caçadores 1891. Desde a falta de comida, correio, por vezes munições e tabaco, que foi muitas vezes a nossa única companhia.
Mas vou descrever um episódio, o último naquele lugar longe de tudo.
No dia 25 de Fevereiro de 1968, estava para chegar o novo grupo de combate que nos ia substituir, para podermos regressar a Nova Coimbra já que o nosso tempo de comissão estava a terminar.
Antes da chegada, combinado com todos os elementos, o alferes Quintas, que substituiu o alferes Sancho por ter sido ferido em combate, resolveu pregar uma partida aos “Checas”, trocando todos os postos, tendo ele passado a soldado e cabendo a mim o galão de alferes.
Todos tinham as suas divisas e galões trocados, para confundir os Chekas
Quando chegaram os novos, depois de termos recebido as instruções para o novo desempenho de funções, dirigi-me ao graduado que comandava os “Checas” e apresentei-me como sendo o alferes Quintas.
Depois de uma curta conversa, comecei a mostrar as instalações, que eram fáceis de visitar, pois quase nada havia.
Andei por cima da barreira que nos protegia, com o já citado novo comandante, explicando-lhe quais as zonas consideradas mais perigosas e de possíveis ataques.
Passado algum tempo e conforme já previamente combinado, separei-me por uns momentos do meu interlocutor e rapidamente voltámos aos respectivos postos, coloquei os meus óculos escuros, graduados, para não ser facilmente reconhecido e então o verdadeiro alferes Quintas tomou o seu posto e foi ter com o seu homologo, contando-lhe a brincadeira a que tinha sido submetido.
Eu fui ter com o meu colega enfermeiro que me ia render e entabulei então a conversa normal de mais velho para mais novo, dizendo-lhe que a zona era perigosa, sujeita a ataques, que ainda não tínhamos tido nenhum por sorte, e que a vida ali era muito dura.
Recebi como resposta “isso é conversa de velhos para nos meterem medo, pois em Nova Coimbra disseram-nos que havia muitas minas pelo caminho e nada nos aconteceu” .
Cerca das 16.50 horas, quase mal tínhamos acabado esta conversa, sofremos sim um ataque, como penso ainda não se tinha registado por ali, a partir do mato junto à pista de aterragem, com morteiros, bazucas e canhão sem recuo.
Com a surpresa e porque os novos, segundo penso que foi essa a informação que eles me transmitiram, tinham chegado directamente da metrópole, não tendo qualquer experiencia de guerra, muitos, tiveram como reacção deitarem-se no chão não crendo no que lhes estava a acontecer.
Coube-nos a nós, velhos, rechaçar o ataque, e não me esqueço daquele acto do nosso colega, que não me lembro o nome mas a alcunha “França” que saltou para cima da barreira de protecção e a descoberto, com raiva descarregou os carregadores da G3 para a zona de onde provinha o ataque.
Mas, infelizmente a primeira granada que é disparada pelo inimigo cai dentro do acampamento e mata o meu grande amigo Fernandes, que era o padeiro e que ao sentir o ataque desloca-se á barraca que nos servia de abrigo, buscar a G3 e quando ia para a barreira foi atingido, ficando com a cabeça quase desfeita, (o Fernandes está na foto anexa a almoçar e com uma caneca na mão.

António Fernandes, de caneca na mão dias antes da sua morte em Miandica
Mas o pior estava para acontecer, como o ataque tinha sido perto das 17 horas, e o inimigo também sabia, a aviação já não nos podia socorrer, embora tenha sido pedida a evacuação via rádio, ainda a 25 de Fevereiro.
No dia 26 de manhã, apareceu o helicóptero para fazer a evacuação, só que não havia feridos, mas um morto.
O alferes Quintas recebeu como resposta que não evacuavam mortos e que teríamos de o enterrar no mato em Miandica, tendo o mesmo dito que isso não faria, mas o carregaríamos mais de 40 km a corta mato, às costas, até Nova Coimbra, já que íamos regressar no dia seguinte aquele quartel para regressarmos a Portugal.
O comandante da aeronave, penso que tocado no coração, resolveu levar, contra todas as ordens, o corpo para Nova Coimbra.

António Carvalho


Em 5 de Março de 1968

Os 2º escalões do Batalhão saíram de METANGULA para MEPONDA em lanchas da Marinha sob o Comando do CMDT do Batalhão. 
No dia 7 a CCAÇ 1558 saiu do CATUR e pernoitou em 
NOVA FREIXO
No dia 8 chegaram finalmente ao ALTO MOLÓCUÉ cerca das 19 h.

Em 11 de Maio de 1968

 Às 06 h a CCAÇ 1558 a 3 GC saiu do ALTO MOLÓCUÉ com destino a VILA CABRAL e daqui para NOVA VISEU. Clic Aqui para ver C.ª 1558 em Nova Viseu

O Carvalho com parte do armamento capturado em Nova Viseu
A 29 de Julho de 1968 

chegou ao ALTO MOLÓCUÉ a CCAÇ 1558 que, em 11 de Maio, tinha ido para o Sector "A". Durante o período de permanência no Sector "A",esta companhia efectuou contínuas operações durante as quais capturou 5 armas, munições e muita população, causando várias baixas ao IN. Destruiu ainda muitos  acampamentos, machambas e utensílios vários.
O comportamento da CCAÇ 1558 é digno dos maiores elogiosos pois, já com mais três meses de comissão, deu provas da sua boa preparação física e elevado moral e espírito de missão do seu pessoal.