Honra e Gloria aos que tão novos lá deixaram a vida. Foram pela C.C. S.-Manuel Domingos Silva!C.Caç. -1558- - Antonio Almeida Fernandes- Alberto Freitas - Higino Vieira Cunha-José Vieira Martins - Manuel António Segundo Leão-C.Caç-1559-Antonio Conceição Alves (Cartaxo) -C.Caç-1560-Manuel A. Oliveira Marques- Fernando Silva Fernandes-José Paiva Simões-Carlos Alberto Silva Morais- Luis Antonio A. Ambar!~

O BATALHÃO CAÇ.1891 CUMPRIMENTA EFUZISAMENTE TODOS OS QUE NOS VISITAM ..DESEJANDO A TODOS UM BOM ANO DE 2021!


José do Rosário...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dois Depoimentos do desastre de 22/05/1967 em NOVA COIMBRA

NUNCA HOUVE UMA GUERRA SEM MORTANDATE.
O MAL É DA GUERRA E DE MAIS NINGUÉM

Jaime Neves
General Comando

Estávamos em 21 de Maio de 1967, quando ao cair da noite fomos informados que no dia seguinte bem cedo partíamos para uma operação na zona do Lunho.
Durante o serão e como sempre, esgotámos tudo o que era bebível... cerveja, laranjada e até a popular DOLKA ( leite com chocolate). Sim, porque a ideia dominante que sempre nos acompanhou, é que havia ir, mas voltar era uma incógnita.
Os Cipaios que geralmente nos acompanhavam, armazenavam no cantil todo o vinho que podiam receber. Pelo contrário, nós tentávamos levar o máximo possível de água nos cantis.
Quando chamei a atenção aos Africanos que eram os carregadores do material Rádio, responderam-me que íamos encontrar muita água. E foi a água a causa maior da nossa desgraça.
Depois de palmilharmos alguns Kilómetros encontrámos uma fonte, onde tudo o que era Africano e depois de terem bebido toda o vinho "água de Lisboa" preparavam-se para se abastecer de água. E aí começaram a rebentar as armadilhas. Mais de uma dezena de feridos, entre eles o Alf.Sancho (hoje já falecido) que viria a ser evacuado para a Metrópole.
De imediato enviei um ZULU para o Comando do Sector a pedir evacuações.
Quando já dois hélios piravam no sobre nós, eu com o rádio HC dava indicações aos pilotos onde deviam poisar. Caminhava por uma vereda, ouvi uma voz atrás de mim: deixa-me passar "Alvalade", era o Cabo Leão, deu dois ou três passos e pisou uma mina anti-pessoal. Ficou todo queimado da cintura para baixo. Só nos pedia que acabássemos com ele. A sua missão era que com a sua secção fazêr a segurança aos helicópeteros. Se não fosse o Leão a pisá-la pela certa teria sido eu.
Depois da evacuação até Nova Coimbra, local onde os feridos esperaram pelas DO que os transportaram até ao hospital de Vila Cabral, o Cabo Leão morreu.
Quando retirámos e já no quartel, verificámos que com a azáfama do tratamento e evacuação dos feridos, deixámos duas G3 no terreno.
No dia seguinte, aparece no nosso barracão, o Alf.Monteiro (hoje falecido) a pedir voluntários para irem ao local do onde deixámos as armas. Voluntários a regressar ao local onde tínhamos tiso 17 feridos e um morto, tudo por causa de minas e armailhas? Missão quase impossível a do Alf.Monteiro.Depois de muita retórica e algumas piadas a incentivarem-nos lá fomos buscar as armas. Já no local, de cada vez que se dava um passoesperava-se rebentar outra mina. Felizmente que nada aconteceu.
Depois da evacuação dos feridos, de permeio, tivemos no Quartel de Nova Coimbra, a visita do Comandante do Batalhão Ten Coronel José Rodrigues Maria da Matta, (hoje já falecido) e a do nosso Capelão.
Deste episódio ficou-me na memória uma frase dita na homília pelo sr.Capelão que passo a citar: DEUS ESTÁ CONNOSCO. Como alguns dias depois retomámos a mesma operação, vim a confirmar que Deus também estava com os guerrilheiros da Frelimo.
Mas isso fica para contar mais tarde...

José Rosário
CCAÇ 1558

OUTRA VERSÃO DO DESASTRE DE 22 DE MAIO DE 1967

Eu, como Cabo Enfermeiro, fiz do grupo que foi socorrer os acidentados. Vinha eu com a ajuda do Furriel Júlio com um ferido na maca, não me lembro quem era, para o levar para uma clareira onde os helicópeteros íriam poisar. O Cabo Leão ía à minha frente com o seu Morteiro e com a
minha G3 e a do Júlio. No percurso o Leão rebentou uma mina anti-pessoal.
Assisti o Leão, como enfermeiro,e as únicas palavras que ouvi da boca dele foram " Carvalho, a minha mãe bem disse que não me voltava a ver" respondi-lhe para o acalmar: tem calma Leão que isto não é nada de grave. Claro que não era assim pois ele tinha perdido uma perna até um pouco acima do joelho, parte da carne das nádegas desapareceu e tinha os testículos pendurad
Dei-lhe duas injecções de morfina i vitamina K, já que estancar as hemorrogias era impossível.
Para embarcar o Leão no helicópetero pedia ajuda a quem estava ao meu lado. Disse-lhe com brosquidão: car...ajuda aqui. Respondeu-me uma voz meiga e terna, estou aqui para o ajudar. Ao ouvir aquela voz que só poderia ser de mulher, caíram-me os "tomates ao chã".
Era uma Enfermeira Paraquedista.


António Carvlho
CCAÇ 1558


NOTA DO BLOG
Estas versões, que ambos os autores foram testemunhas, sobre o mesmo acontecimento parecem contraditórias entre si . No meu entender que não estive no local mas sim em Nova Coimbra, são verdadeiras. Quando o Carvalho diz que transportava juntamente com o Júlio um ferido numa maca,o Leão ía à sua frente e atrás do Zé Rosário. Daí este ter ouvido o pedido do Leão para deixá-lo passar. O ferido que o Carvalho diz não se lembrar era segundo relato da época o Furriel Moutinho que chegou a ser dado como morto em Nova Coimbra mas que felizmente sobreviveu.


Amadeu Silva
CCAÇ 1558
































terça-feira, 10 de novembro de 2009

EM 2004,EX: MILITARES REALIZARAM UMA VIAGEM DE SAUDADE A MOÇAMBIQUE

Cerca de quatro décadas depois, encontrámo-nos, de novo, num outro cais de embarque para rumarmos a Moçambique e com destino aos mesmos locais que então nos foram atribuídos. Na bagagem levávamos um enorme espólio de expectativas e um desejo ilimitado de voltar a pisar solo, o que outrora não queríamos de forma alguma fazer.
No aeroporto da Portela,contrariamente ao sucedido na Rocha Conde de Óbidos, aquando do primeiro embarque, era notória a alegria estampada no rosto do "contigente ex-militar",prestes a embarcar para esta segunda "Comissão de Serviço".
Durante a permanência em Maputo o grupo foi recebido por representantes da Associação dos Combatentes da Liga da Luta Nacional, chefiados pelo seu presidente, Dr.Gideon Ndobe.
O encontro teve lugar na sede do Partido Frelimo, uma vez que esta Associação ainda não possui instalações próprias. Usaram da palavra o José Arruda, organizador da viagem, um representante da Frelimo, o presidente da ACLLN e dois companheiros de viagem, um deles, o Fernando Oliveira, que fez a oferta de alguns porta-chaves com o emblema gravado do B.CAÇ 1891.Presentes alguns elementos da Frelimo entre eles uma senhora.
De Lourenço Marques o autor pouco se recorda, a não ser da Praça Mousinho de Albuquerque e da sua área envolvente, nomeadamente o café Continental, ponto obrigatório de passagem de todos os desfiles. Por ser ponto estratégico para os fotógrafos, que por acorriam, aparecia quase sempre em todas as fotos da época.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

VILA CABRAL-LICHINGA




















A região de LICHINGA, face à grande diversidade de climas, relevos e solos, dispõe de excelentes condições para incrementar um promissor e desejado progresso, que já se nota existir em determinados sectores.
Foi já ao cair da tarde de 6 de Outubro de 2004 que entrámos em Lichinga.
Entretanto e com alguma panoramica da cidade observada, chegámos ao "Hotel" Chiwindi, onde iríamos ficar instalados durante dois dias.
O grupo de visitantes convidou para o jantar do segundo dia o presidente do Município de Lichinga que, após a refeição, proferiu um breve discurso onde salientou,com fluentes palavras, a amizade que une Portugal a Moçambique, tendo agradecido a nossa presença na sua cidade.
Após a simpática recepção, visitámos, acompanhados por um antigo Oficial da Frelimo, actualmente com a patente de Brigadeiro, Sr.Bernardo Moisés, as antigas instalaçoes militares que estão a ser devidamente recuperadas para serem transformadas no Instituto de Formação de Administração Pública e Autárquica e que irá ter capacidade para 300 alunos.
Seguidamente e ainda acompanhados pelo referido oficial, dirigimo-nos ao cemitério, já desesactivado, em romagem ao talhão onde se encontram sepultados antigos camaradas combatentes.
Sem procuração para tal, mas com a certeza de que nos seria passada por todos, queremos expressar, em nome de PORTUGAL, o nosso sentido agradecimento pelo modo digno como preservam a memória dos nossos compatriotas falecidos e que outrora eram designados por vós, legítamamente, a guerra é assim mesmo, de inimigos. BEM HAJAM














NOVA COIMBRA





Os escassos 18 Kuilómetros que distam de Metangula ate ao antigo quartel de Nova Coimbra foram percorridos por caminhos
conhecidos: as Missões de Messumba e de Nova Coimbra, esta por razões evidentes , já com outro nome- MEVCHUMA- e o aldeamento, este densamente povoado. Um pouco mais à frente
encontrámos um marco de estrada que nos provocou, ao lermos o nome nele inscrito, o impulso, dentro da viatura, de "bater uma chapa". Referimo-nos à povoação do LUNHO, "capital do Estado de Minas Gerais".
Minutos depois chegámos ao local do antigo aquartelamento de Nova Coimbra , praticamente em ruínas. Apurámos que a sua destruição ficou a dever-se, em parte, a violentas batalhas ali travadas entre a Renamo e a Frelimo.
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domingo, 8 de novembro de 2009

METANGULA


Quando de Maniamba iniciámos o percurso até Metangula, através de picada pouco conservada, levávamos a imagem, noutros tempos fixada na retina, do começo da grande encosta, onde forçosamente nos detínhamos, para abraçar o espectáculo grandioso da baía de Metangula. Se ali fôssemos colocados colocados incognitamente, diríamos que estávamos perante um grande mar, tal a grandiosidade e a impressão que se colhe daquela enorme massa de água, de que não se vê o fim, chamado LAGO NIASSA.O nome Metangula provém, segundo se diz, de um clã que habitou um lugar chamado METANGONI, o que parece identificar-se com Metangula. Desde 1963 até à independência, passou a chamar-se AUGUSTO CARDOSO, mas este antropónimo não teve grande aceitação por parte da população.
Qual "clic" mágico e aos solavancos da viatura provocados pelo mau estado da picada, reavivámos tudo o que atrás acabámos de descrever. Na nossa frente, imponente e majestoso, o Lago dava-nos as boas-vindas. Ao chegar a Metangula , sentimos uma certa desilusão pois, sinceramente, esperávamos encontr´-la mais "bonitinha", mas o Lago encarrega-se de disfarçar esta ou aquela "mazela". Alé disso a nossa missão era visitar as antigas instalações do aquartelamento, disperso ao longo da vila. Entretanto tentámos rever o antigo quartel da Marinha que actualmente se mantém com as mesmas funções. Apesar de sermos cordialmente bem recebidos pelo Oficial de dia, a nossa visita não foi autorizada.
Na praia de CHUANGA (foto do Lago) era o local onde a CCAÇ 1558 ía recolher a água. Era um tralho hercúlo, vis que eram carregados a balde para cima de Unimogs cerca de 1500 Litros de água.

sábado, 7 de novembro de 2009

MANIAMBA





Rodámos alguns quilómetros "escoltados" pela serra JECI, por caminhos noutro tempo tão perigoso, até nos determos em MANIAMBA.



A população aumentou assustadoramente, por toda a parte se viam crianças, adolescentes e adultos sem ocupação alguma. As crianças cercaram as viaturas de mãos esticadas para obterem sem saber o quê. Uma vez mais o complicado processo de distribuição de lembranças, canetas, camisolas, rebuçados e até algum pão que trouxemos do pequeno almoço redundou numa tremenda confusão.
Encontrámos também lavrado numa pedra , enctavada entre duas rochas, o nome de uma Companhia que por ali passou em 1965, a de Caçadores 1478.
Seguidamente, iniciàmos a visita às antigas instalações militares, que se encontravam praticamente todas em ruínas, excepção feita aos monumentos deixados por antigas Companhias em homenagem aos seus mortos. Consideramos este o facto mais significativo da nossa visita, pois não imaginávamos que estes símbolos conseguissem perdurar ao longo de tantos anos. Eram visíveis, ainda, os nomes, inscritos na pedra, de alguns camaradas falecidos.
Quando nos detínhamos junto ao monumento erigido pela CCAÇ 1560, o Fernando Oliveira foi abordado por um residente que lhe disse estar a conhecê-lo, adiantando que (apontando para um nome inscrito no pedestal) tinha sido MAINATO (criado) deste Alferes, O Alferes Ambar. Acrescentou ainda que, de quando em quando, vai colher uma ou outra erva daninha que cresce em redor do monumento.
Efectuámos, de igual modo, uma breve abordagem pela povoação, verificando que alguns edifícios civis do nosso tempo ainda se mantêm em pé e funcionais, como é o caso do hospital, da casa do Administrador, a capela e outros. Maniamba, face às excelentes vias de comunicação que a ligam à capital da província do NIASSA, Lichinga, tem bases para progredir no futuro, mas pelo que observámos parece-nos que será um futuro muito longo.











quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LUALECI




Saímos de Lichinga bem cedo, pois a jornada antevia-se activa face às muitas visitas agendadas aos antigos aquartelamentos , localizados no corredor de Metangula. Previam-se também várias emoções por parte de alguns companheiros, aquando da passagem por certos lugares.
A primeiro de uma delas, foi quando parámos junto ao Rio Lualeci para prestar uma simbólica, mas sentida homenagem a três camaradas da CCAÇ 1560 que faleceram naquele local em 28 de Fevereiro de 1967 ( Lêm no Blog as crónicas "O Inimigi Escondido" e "Todos Fomos Portugal" de Germano Rio Tinto.
O Fernando Oliveira, na gravura de camisa branca, foi um dos que, então, se deslocou ao local para prestar auxílio aos camaradas sinistrados.
Feita a viagem rumámos até Maniamba.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

GILÉ

Deixámos Nampula bem cedo levando na bagagem enorme ansiedade, já que iríamos dar início à verdadeira razão que nos levou até Moçambique - visitar os antigos aquartelamentos por onde andámos, nos anos de 1966 a 1968.
Ficámos surpreendidos com o movimento existente naquela via, especialmente de transeuntes montados nas suas "gingas".
A Zambézia encontrava-se ao nosso alcance, uma vez que se vislumbrava já o serpentear do rio LIGONHA que divide esta província com a de Nampula.
Já perfeitmente integrados na Zambézia , a caminho do nosso primeiro "aquartelamento"- o GILÉ fizemos uma breve na Missão de Nossa Senhora da Anunciação em MOPEIA.
Chegados ao GILÉ, fomos , apresentar as Boas Vindas ao Administrador lcal. Seguidamente guiados por um companheiro de viagem, o Fernando Oliveira, que "habitou" aquele quartel, visitámos as antigas instalações militares as quais, segundo os seus antigos moradores, se encontram muito transformadas algumas mesmo em ruínas.
Antes da partida foram distribuídas algumas lembranças pelas crianças locais. Ete acto foi um pouco conturbado já que a juventude, ao aperceber-se da situação, acorreu em massa no sentidode tentar obter o desejado brinde.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ALTO MOLÓCUÉ




Vindos do Gilé a caminho do ALTO MOLÓCUÉ, atravessámos terrenos pertencentes à Reserva Nacional do Gilé, projecto financiado pela União Europeia.
Entretanto, dois companheiros de viagem, pertencentes ao BCAÇ 1891, que residiram no Alto Molócué, davam sinais de que o "objectivo" estava à vista dado estarmos a passar junto à Missão católica, um ponto essencial de referência.
Dado as antigas instalações militares se encontrarem dispersas ao longo da vila, dirigimo-nos ao local onde, outrora, se instalavam, normalmente, os comandos das 13 Unidades que por ali passaram, de 1963 a 1970.
Finalmente , encaminhámo-nos para o ponto alto daquela visita, essencialmente para os dois "Alto Molocuenses". Referimo-nos ao local onde se situava o quartel propriamente dito, uma velha e ampla fábrica adaptada para esse efeito. Encontrámos algumas daquelas instalações já sem cobertura, mas todas elas com as paredes laterais de pé, o que lhe conferia a traça inicial.

GURUÈ---VILA JUNQUEIRO




Vindos do Alto Molócué e com cerca de catorze horas de viagem, alcançámos, já as estrelas se tinham acendido no céu, a cidade do GURUÉ. Apesar da pouca luminosidade irradiada, quer por aqueles astros, quer ainda pela ténue iluminação pública, dava, no entanto, para ir identificando os lugaresque nos ficaram gravados na memória, aquando das nossas muitas idas do Molumbo àquela localidade.
O Gurué, primitivamente chamado de NAMULIA , foi mais tarde rebaptizado de VILA JUNQUEIRO , em homenagem ao homem que mais fez pelo cultivo da planta do chá naquela região. Após a independência voltou à anterior designação. Todavia, é bom realçar que há belezas naturais que o homem difícilmente consegue destruir. A paisagem envolvente do Gurué é uma delas.
Será que ainda é de Moçambique grande parte do chá que se bebe no Mundo? Duvidamos! Todavia, os Montes Namuli continuam, como dantes, a dar à região o "prodígio" climatérico para o desenvolvimento daquela cultura. Aproveitem-no,homens de boa vontade. Faz clik nas fotos 1 e 2. Ambas foram tiradas na mesma rua mas em sentido contrário a nº1 em 2004 e a 2 em 1968.