Honra e Gloria aos que tão novos lá deixaram a vida. Foram pela C.C. S.-Manuel Domingos Silva!C.Caç. -1558- - Antonio Almeida Fernandes- Alberto Freitas - Higino Vieira Cunha-José Vieira Martins - Manuel António Segundo Leão-C.Caç-1559-Antonio Conceição Alves (Cartaxo) -C.Caç-1560-Manuel A. Oliveira Marques- Fernando Silva Fernandes-José Paiva Simões-Carlos Alberto Silva Morais- Luis Antonio A. Ambar!~

O BATALHÃO CAÇ.1891 CUMPRIMENTA EFUZISAMENTE TODOS OS QUE NOS VISITAM ..DESEJANDO A TODOS UM BOM ANO DE 2021!


José do Rosário...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A Traição de Omar fez correr lágrimas a Spínola!





A Traição de Omar fez correr lágrimas a Spínola!


  O significado da queda Nametil * (Omar)
Rompia a manhã a 1 de Agosto de 1974, no aquartelamento do exército colonial, chamado de «Ornar», mas cuja verdadei­ra designação era Nametil. Estava no seu comando interino o alferes José Carlos Monteiro. Para eles, certamente, a guerra já tinha acabado, perdidos num ermo de Cabo Delgado, com uma vista monótona para a fronteira com a Tanzânia. Haviam mesmo começado a destruir algum material, pois estava previsto o seu encerramento. Ignoravam que eram, há muito, objecto de espe­cial atenção, e que iriam ficar registados na história.
Em Naschingwea, face ao impasse negocial, depois das fa­lhadas negociações de Junho, era necessário realizar uma acção capaz de acelerar a marcha dos acontecimentos. Escolhe-se o posto de Omar. Estudam-se as suas envolventes e chega-se mes­mo a fazer uma maqueta do aquartelamento. Ou a operação re­sultava em pleno ou as suas consequências poderiam ser sérias e reacender a guerra, quando da parte de uma das partes existe um estado de cessar-fogo. Samora Machel, pessoalmente, estabele­ce a táctica. E recomenda, com alguma estranheza para alguns, que a acção seja gravada em som e imagem. A 31 de Julho as forças da FRELIMO, as FPLM, tinham cercado por completo o aquartelamento. Inclusivamente colocado artilharia. Era respon­sável por esta operação no terreno o comandante Salvador Mtu-muke. Bem próximo do local, numa montanha, encontravam-se, em atenta observação, o adjunto do Departamento de Defesa, Alberto Joaquim Chipande, assim como o comandante do de­partamento de Defesa de Cabo Delgado, Raimundo Pachinuapa. Tinham instalado um sistema de comunicações entre a fren­te de operações, a base de comando e a Tanzânia, onde Samora Machel aguardava com grande impaciência o desenrolar do pla­no estabelecido.
Quando rompe a aurora do primeiro dia do mês de Agosto de 1974, os cento e quarenta soldados do aquartelamento de Nametil são acordados por megafones solicitando a sua rendição  Todos estes pormenores da tomada de Nametil foram gravados. A guarnição militar rende-se. Cento e quarenta homens são feitos prisioneiros e três conseguiram fugir. Seguirão para a Tanzânia, onde chegam a 6 de Agosto. Independentemente da controvérsia, se a rendição resultou de um equívoco ou simplesmente da tomada de decisão mais sensata do seu comandante de não combater, face à situação política que se vivia e mesmo tendo em causa a desproporção do equipamento e das armas, a tomada do quartel de Nametil (Omar)  não pode deixar de ser mencionada pelos reflexos que teve. Mais do que uma vitória militar era uma vitória política.
O presidente Spínola, com condição para uma ronda nego­cial, que se inicia a 15 de Agosto, em Dar-es-Salam, exige que a FRELIMO apresente desculpas pelo ocorrido em Ornar. Samora que engenhosamente tivera a percepção de tudo gravar, faz com que a delegação chefiada por Melo Antunes escute essa grava­ção. O que foi suficiente.
O que se passou a 1 de Agosto, nesse aquartelamento, poder-se-ia passar em qualquer outro ponto do país. Havia, da parte do exército português, a total falta de vontade de dar mais um tiro e muito menos de continuar uma guerra. Há factos indesmentíveis dessa realidade. O próprio general António de Spínola o admite e escreve que a tomada de Omar era «uma arma decisiva para Samora Machel na mesa de negociações. De militar para militar efectivamente assim o foi.
494 António de Spínola, País sem Rumo – Contributo para a História de uma Revolução. Ed. Editorial SCIRE, p. 302
In MOÇAMBIQUE 1974 – O fim do Império e o Nascimento da Nação, de Fernando Amado Couto(2011)
*Omar, para as autoridades portuguesas.
NOTA:
Se se comparar este texto com o que o Comandante Almeida e Costa relata, tanto Almeida Santos, como Melo Antunes mentiram ao General Spínola, além de não lhe fazerem a comunicação imediata dos acontecimentos de 1 de Agosto de 1974.
Diz Almeida e Costa: “Não só pelas três sessões de trabalho mas, sobretudo, pelo teor das surpresas que os esperam. A começar pela notícia de que a Frelimo tinha capturado uma companhia inteira de militares portugueses em Omar, no norte de Moçambique. Como se isso não bastasse, Samora insistiu que se ouvissem as gravações e as entrevistas feitas com os soldados capturados, apelando à rendição das forças portuguesas. «Foi muito confrangedor», explica Almeida e Costa. Incluindo para o terceiro-mundista Melo Antunes, que não resistiu a um desabafo: «Merda, assim não se pode fazer nada». In http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/08/1_de_agosto_de__2.html
Assim a cassete veio para Portugal a 3/4 de Agosto e não a 17/18 de Agosto.
Porque a não apresentaram de imediato ao General Spínola?
Escreve o General Spínola:
“Assim, quando em 15 e 16 de Agosto, a Delegação Portuguesa (13) se sentou à mesa das negociações em Dar-es-Salam, a facção predominante do MFA, ali repre­sentada pelo Major Melo Antunes, já estava ao lado do chamado Movimento de Libertação e, para que ainda se retirassem às forças políticas todas as possibilidades de soluções razoáveis, recorreu-se a formas de pressão impen­sáveis e só possíveis num quadro de alta traição.

“Na mesma ocasião fui informado de que aquela reunião havia sido aberta com a audição de uma fita gravada da «rendição» de uma companhia metropoli­tana no Norte de Moçambique, num cenário concertado com as cúpulas marxistas do MFA e conhecido pela «traição de Omar» (14), gravação que ficará a assinalar uma das páginas mais vergonhosas da História do Exér­cito Português ao oferecer a Samora Machel, na mesa das negociações, uma arma decisiva. As afirmações pro­duzidas no «acto da rendição», designadamente as sau­dações à FRELIMO, como libertadora de Moçambique e do próprio povo português, constituíram prova irrefu­tável do índice de prostituição moral a que haviam che­gado alguns militares portugueses.” (In O PAÍS SEM RUMO, de António Spínola).
Ora, a fita gravada, segundo Almeida e Costa, já fora ouvida por ele e Melo Antunes na anterior estadia entre 31 de Julho e 3 de Agosto.
Agora escutem o que Almeida Santos diz sobre a reunião de 15/16 de Agosto à SIC emhttp://www.macua1.org/blog/sicalmeidasantos.html
Para quê este “teatro”?
Mas porque é que “Samora Machel, pessoalmente, estabele­ce a táctica. E recomenda, com alguma estranheza para alguns, que a acção seja gravada em som e imagem.”(In Moçambique 1974, de Fernando Amado Couto)
Porque era preciso impressionar e levar o General Spínola a aceitar o que há muito já estava combinado entre o PS, PCP e FRELIMO, desde uma célebre reunião em Paris, onde, entre outros, a FRELIMO esteve presente. Recorde emhttp://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/04/a-outra-face-do-25-de-abril.html#more
E, para que não restem dúvidas, o autor da Newsletter aqui reproduzida, ainda felizmente vivo, me confirmou todo o seu conteúdo.
Resta ler-se a entrevista do Alferes Comandante em OMAR na altura, para se poder comparar do que é real do que é ou foi forjado.
Recorde aqui

Negando o então Alferes comandante de Omar ter proferido as afirmações que lhe são atribuídas por Almeida Santos, porque nunca foi tornada pública a cassete apresentada ao General Spínola? Será que ainda existe? Porque nunca foi ouvido qualquer dos elementos da companhia aprisionada?
OMAR e WIRIAMU são dois acontecimentos cuja génese ainda não foi totalmente dissecada. Mas que serviram na perfeição para a descolonização que foi feita.


MOÇAMBIQUE NA 1ª GUERRA MUNDIAL


Soldados Portugueses em Moçambique
 O império africano alemão, constituído pela actual Namíbia, Togo, Camarões e Tanganica, teve sempre intenções sobre o território de Moçambique. Os alemães, à semelhança do projecto da Mitteleuropa , sonhavam no final da 1ª Grande Guerra com uma redistribuição das possessões coloniais portuguesas, belgas e francesas bem como com o estabelecimento de uma Mittelafrika alemã. A Inglaterra e a Alemanha, quer em 1898 quer em 1913, chegaram a formalizar convenções secretas onde era definida a partilha das possessões portuguesas (1). Os diferendos para delimitação da fronteira Norte em Moçambique entre Portugal e Alemanha remontam à perda por parte do poder português do "triângulo de Quionga", oficialmente reconhecida a 10 de Setembro de 1894 (2). Apesar do ataque ao posto de Maziúa, em Agosto de 1914 e de o Governo Inglês solicitar, desde 10 de Outubro desse ano, ao Governo Português o abandono da sua atitude de neutralidade e assumir a sua posição activamente ao lado da Inglaterra, Portugal só entra no conflito após a declaração de guerra feita pela Alemanha a 9 de Março de 1916. O período intermédio é de uma longa indefinição diplomática entre a neutralidade e a beligerância (3). Isto na Europa, onde os destinos da guerra eram jogados, pois, mesmo antes da declaração de guerra e da entrada em teatro europeu, as operações militares tinham já sido iniciadas e continuadas em solo africano, onde a estratégia alemã passara da diplomacia tradicional para uma diplomacia coerciva e acabara numa guerra aberta. Em Portugal, a opinião pública estava dividida quanto à intervenção portuguesa na guerra (4), mas havia consenso nacional para a defesa e manutenção da soberania portuguesa no Império Colonial, o que permitiu a entrada na guerra em teatro africano (5), correspondendo esse sentimento ao forte imaginário colonial.
A intervenção em África não era decisiva quer do ponto de vista diplomático quer militar. Aquele era um teatro secundário e periférico, que não obrigava a uma declaração de guerra e nem sequer à beligerância (6). Visavam-se objectivos mais latos, pelo que o fundamental era marcar presença no teatro europeu; este sim, poderia trazer frutos ao nível internacional e interno. Apesar de tudo, não era despropositado que em Lisboa se encarasse a possibilidade de, no rescaldo da guerra, Ingleses e Alemães voltarem a negociar a partilha das colónias portuguesas. Em Moçambique, o objectivo era duplo: recuperar Quionga e conseguir a passagem para a margem Norte do Rovuma.
Com a intervenção europeia, Portugal, além de cumprir os seus deveres de aliado da Inglaterra, libertava-se dos propósitos tutelares daquela por meio de uma decisão que o creditaria perante todo o mundo e assegurava ainda a presença na conferência de paz, onde poderia fazer-se ouvir em defesa da inviolabilidade dos seus domínios ultramarinos.
A situação política interna era instável: transitava-se de Regime e a luta pelo Poder entre os diversos partidos era uma constante, os governos sucediam-se, formando-se e caindo a um ritmo vertiginoso.
Ao nível internacional, Portugal sofria ainda do constrangimento do reconhecimento oficial da nova República, um processo moroso e complexo que decorreu ao longo de onze meses, em três fases distintas (7). Assim, foi também a necessidade de legitimidade e de consolidar politicamente o Regime que acabaram por levar a República para a guerra na frente ocidental europeia, na Flandres.
 
As forças em confronto

As campanhas de 1914-1918 travadas em África diferem em muito da campanha que se desenrolava ao mesmo tempo na Europa. A guerra em solo africano era de movimento, pertencendo a vantagem a quem tomasse a iniciativa.
As forças em confronto eram substancialmente diferentes quer quantitativa quer qualitativamente. As tropas daSchutztruppe eram comandadas por Paul Emil Von Lettow Worbeck, estavam organizadas em companhias e contavam com cerca d 12000 Askaris e 3000 europeus.
Apesar de serem numericamente inferiores às forças aliadas, os alemães partiam em vantagem pois conheciam o terreno e tinham efectuado os seus treinos em ambiente africano (8). A sua actuação para atacar as forças aliadas exaustas e mal treinadas assentava numa superior mobilidade e independência. Utilizavam uma táctica de guerrilha, um emprego massivo das metralhadoras e de acções de reconhecimento, aliada a uma estratégia desprendida da posse do terreno, visando, numa manobra de acção indirecta, atrair o Inimigo, desgastá-lo e ocupar ao máximo o seu tempo. Procuravam sempre obter a superioridade local nos pontos que lhe eram mais favoráveis, evitavam o combate decisivo, retiravam sempre que em desvantagem, concentrando para combater de forma implacável.
Com esta forma de actuação, os alemães, além de forçarem os aliados a um "(...) esforço relativamente grande para alcançarem objectivos limitados (...)" (9), contribuíam para fixar e mesmo mobilizar recursos que já não seriam empregues em teatro europeu onde a luta se decidia.
Lettow Worbeck, desde o bloqueio de 1915, não conseguia comunicar com a metrópole, não recebendo nem abastecimentos nem reforços, pelo que passou a viver e a combater à custa do Inimigo. Tecnologicamente, os alemães estavam em desvantagem pois a sua arma individual era a Mauser de 1877 de pólvora de fumo.
Os aliados estavam tecnologicamente mais avançados, possuindo, por exemplo, a arma Mauser de 1904 (10), a primeira esquadrilha expedicionária portuguesa e camiões FIAT.
As forças aliadas que conseguiram sempre manter a ligação com as respectivas metrópoles, acumularam no período do confronto um efectivo entre os 210000 e os 250000 (11). Os ingleses e sul-africanos constituíam o grosso da força aliada, bem comandados por oficiais experientes no teatro de operações, principalmente os Boers, sendo o Comandante Supremo Aliado, o General Smuts, também ele um Boer.
O contingente português atingiu números próximos dos 20000 homens, entre as forças desembarcadas e o recrutamento local, com um efectivo, grosso modo , de 12000 africanos (12) sem contabilizar os aproximadamente 90000 carregadores (13).
Porém, em todas as fases em que o conflito se desenvolveu, Portugal apresentou as suas forças com falta de preparação, muito desorganizadas e desmoralizadas (14), com um comando incompetente, dividido e que foi substituído inúmeras vezes.
O General Gomes da Costa sintetiza a falta de preparação e de organização ao referir: "(...) Preparação é coisa que não existe em Portugal: tudo se faz por impulsos, bruscamente, segundo as necessidades do momento, e por isso tudo nos sai torto e desafinado; será o que Deus quiser! O fatalismo muçulmano! A experiência, o saber, a inteligência para nada servem. Resultado: Desastre (...)" (15).
As companhias indígenas tinham pouca instrução e o seu armamento era constituído pelas velhas Snider de cartuchame com invólucros de cartão o papel e o equipamento desconjuntava-se (16).
Nestas campanhas Portugal iria enfrentar outros três inimigos de peso além das forças alemãs comandadas por Lettow Worbeck (17):
•  o clima e as condições sanitárias inacreditáveis causadores de mais baixas do que o combate com os alemães (18);
•  e a desorganização e ineficácia do Estado que se reflectiriam na preparação dos contingentes;
•  Os King´s African Rifles Britânicos que se comportavam como um verdadeiro exército de ocupação e inclusivamente sublevavam as populações contra os portugueses. 
1º Expedição
Seguindo um rumo diferente dos seus aliados europeus, Portugal envia forças expedicionárias para o território. O decreto que mandou organizar as primeiras expedições militares para Moçambique e Angola data de 18 de Agosto de 1914. A primeira expedição para Moçambique, constituída com base no Batalhão de Infantaria 15 num total de 1527 homens sob o comando do Tenente-Coronel Pedro Massano de Amorim, desembarcou em Porto Amélia a 1 de Novembro de 1914 e guarneceu a linha de fronteira com postos militares ao longo do Rovuma. Contudo o ataque ao posto de Maziúa, na fronteira daquele rio, verificara-se já na noite de 24 para 25 de Agosto. Este incidente de fronteira provocou a morte dos soldados da guarnição da Companhia do Niassa, tendo as autoridades diplomáticas alemãs apresentado desculpas ao Governo Português pelo ataque a um posto de fronteira de um país neutral. Em Outubro do mesmo ano, surgem os primeiros confrontos no Sul de Angola. Abriam-se assim duas frentes de guerra em território africano.
Esta primeira expedição chegou a Porto Amélia a 1 de Novembro. Parecia não ser esperada. Numa altura em que se iniciava a estação das chuvas, as tropas ficaram em palhotas sem sequer terem cobertura em zinco. Na Baia de Pemba os navios não podiam atracar, pois o cais só permitia a atracagem de lanchas e botes, e mesmo assim só com a maré cheia. O serviço de saúde era muito deficiente, a alimentação, constituída por enlatados de sardinha, bacalhau e de "rancho confeccionado", não era adequada. Os soldados dormiam em quinandas. Porém, a protecção de mosquiteiros era descurada pelos próprios, denotando a falta de preparação para actuar em África (19).
Com a época das chuvas o estado sanitário era mau, pois todos os dias baixavam um grande número de homens (20). Ao fim de meio ano de expedição o resultado deste acumular de erros foi de 21% de baixas por doença, e isto sem combaterem ou mesmo saírem de Porto Amélia.
Numa altura em que Portugal ainda permanecia neutral, a expedição recebe ordens para ocupar Quionga. Devido ao desgaste provocado pelas precárias condições sanitárias, uma acção ofensiva seria inviável, além do mais a missão inicial era de defesa do Rovuma, sendo necessário preparar o ataque. O saldo da actividade deste primeiro contingente, a nível operacional, traduz-se praticamente na abertura de algumas estradas (21), que viriam a ser muito úteis para as operações posteriores.
Pedro Massano de Amorim devia, entre outras missões, conter os africanos com comportamentos de sublevados "por sua própria iniciativa ou por instigação do estrangeiro" (22).
A intromissão política nos assuntos militares é já notória nesta altura. Pimenta de Castro chegou a dar ordens para o regresso do 1º contingente, pelo que com a sua demissão veio a contra-ordem (23).   
2ª Expedição
Em Outubro de 1915, parte para Moçambique uma 2ª expedição, organizada à volta do Batalhão de Infantaria 21, com um total de 1543 homens. No desembarque em Porto Amélia a 7 de Novembro, esta expedição encontra as mesmas condições precárias da 1ª. De acordo com o relatado da Monografia do 3º Batalhão expedicionário do RI n.º 21 à Província de Moçambique em 1915, nada estava preparado para a receber. As tropas continuavam em palhotas sem cobertura de zinco. O cais continuava a não permitir a atracagem de navios, e com a maré vazia "(...) passava-se das pequenas embarcações para os ombros de um pretalhão, e «à cochita», como as crianças, agarrado à sua cabeça rapada e luzidia (...)" (24). O serviço de saúde e a alimentação permaneciam deficientes.
O resultado foi ainda mais desastroso, cerca de 75% de baixas, principalmente pelo efeito desgastante do clima (25). O descontrolo e a falta de acção de comando eram evidentes, desconhecendo o próprio comandante da expedição, Major de Artilharia Moura Mendes, ao fim de 5 meses de missão, a real situação militar na fronteira (26).
Com esta nova expedição seguiu também o novo Governador-Geral, Álvaro de Castro, capitão na situação de licença ilimitada e licenciado em Direito. Apesar de desconhecerem a real situação militar na fronteira Norte de Moçambique, Álvaro de Castro e o Governo de Lisboa, procurando obter dividendo políticos, cedem às pressões do Poder de Londres, e por sua vez pressionavam o comando militar da expedição para ocupar Quionga. A expedição estava quase em ruptura e solicitava reforços. E a 30 de Março o governo acaba por decidir enviar nova expedição, sob o comando do coronel Ferreira Gil, mas é ainda Moura Mendes que a 10 de Abril de 1916, sem encontrar resistência, irá ocupar Quionga.
Por norma, a historiografia actual refere o desconhecimento português sobre a ocupação ou não de Quionga por forças alemãs. Porém, na Monografia do 3º Batalhão expedicionário do RI n.º 21 é referido que o Major Portugal da Silveira recebera instruções para ocupar Quionga, efectuando reconhecimentos preparatórios para poder determinar a linha de infiltração; além do mais, pela espionagem, cujo chefe era um monhé de nome Simba Ibraímo que tinha um soldo de 60$00, sabia-se que Quionga estava desguarnecida e que o residente alemão andava a Norte do Rovuma a tentar arranjar forças para a defender, sugerindo ainda uma actuação rápida e de surpresa para evitar reforços (27).
O plano do Poder português visava ainda transpor o Rovuma e atacar o núcleo principal dos alemães em Tábora (28), pelo que em Maio, o Governador-Geral, com reforços trazidos do Sul, tenta atravessar o Rovuma, recebendo para tal o apoio naval sobretudo do cruzador Adamastor e da canhoneira Chaimite .
Esta operação, que foi forçada pelo poder político (o Governador não prescindia de dirigir a guerra a partir de Lourenço Marques), realizou-se com inúmeros erros, destacando-se a falta de meios militares e a sua coordenação, pautando-se toda a operação por uma desorganização geral.
Do cruzador esperava-se capacidade de fogo para apoiar a travessia do Rio, porém não tinha munições convenientes para bater posições terrestres, e quando foi necessário abrir fogo, os observadores avançados não tinham forma de comunicar, não sendo assim o tiro regulado, com as consequências daí advindas. Assim, a tentativa efectuada para atravessar aquele rio fronteira a 26 e 27 de Maio de 1916, falhou.
Após a ocupação de Quionga e até à travessia do Rovuma, os ataques alemães aos postos fronteiriços foram uma constante, mantendo os portugueses numa contínua instabilidade. 



FRANCISCO PROENÇA GARCIA Professor da Academia Militar


Compilado por:Alvalade-1558