Honra e Gloria aos que tão novos lá deixaram a vida. Foram pela C.C. S.-Manuel Domingos Silva!C.Caç. -1558- - Antonio Almeida Fernandes- Alberto Freitas - Higino Vieira Cunha-José Vieira Martins - Manuel António Segundo Leão-C.Caç-1559-Antonio Conceição Alves (Cartaxo) -C.Caç-1560-Manuel A. Oliveira Marques- Fernando Silva Fernandes-José Paiva Simões-Carlos Alberto Silva Morais- Luis Antonio A. Ambar!~

O BATALHÃO CAÇ.1891 CUMPRIMENTA EFUZISAMENTE TODOS OS QUE NOS VISITAM ..DESEJANDO A TODOS UM BOM ANO DE 2021!


José do Rosário...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

ESQUECIDOS PELA PÁTRIA



Quarenta anos depois do fim da guerra do Ultramar, ainda existem ex-militares africanos a viver em quartéis portugueses. Alguns estão ilegais, outros perderam a nacionalidade e todos esperam o momento de poder regressar aos seus países. Numa situação de pobreza extrema aguardam pela resolução do moroso processo para obter uma pensão como deficiente das Forças Armadas.

Aquele abraço, camarada( de armas!!!) e amigo.
As pessoas não entendem como, passados estes anos, continuamos a não renegar o tempo que passamos no Ultramar!!!
Aquele abraço Amigo.
Um dia destes temos de bater umas bolas para desafiar a memória e…desabafar.



Para ver o vídeo completo clic aqui 






segunda-feira, 13 de junho de 2011

A descolonização Portuguesa!

      





General Duarte Silva: Julgo dever dizer-vos porque é que aqui estou: a minha relação com África não é tão pequena como isso.

No que julgo que interessa estive primeiro, em Dezembro de 1973, em comandante  do  CODCB (Comando operacional de Defesa de Cahora Bassa)  sobre o que posso responder a todas ou quase todas as perguntas.Depois pouco antes do 7 de Setembro ou mesmo no 7 de Setembro, quando houve aquelas sensaborias em Lourenço Marques , em que andaram aos tiros aos pretos por causa do Radio Clube de Moçambique e não sei que mais, o então coronel Egídio que estava em Tete, teve de ir para Lourenço Marques e eu avancei para Tete. A missão não foi alterada, isto é continuámos em guerra, mas já a meio vapor até Setembro. No dia 7 de Setembro , recebemos ordem para deixar entrar a Frelimo. A partir daí vivemos (eu vivi) até Fevereiro de 1975 em companhia da Frelimo, companhia respeitável e respeitada.Devo dizer que o meu contacto começou pelo meu comandante José Moyane, que a seguir foi governador de Vila Perry e , mais tarde de Lourenço Marques. Depois houve um pequeno pormenor: matou a mulher e desapareceu da circulação.  Mas o comandante José Moyane, logo no primeiro dia , começou por me tratar por camarada, e eu julgo que não há nada como explicar as coisas desde o primeiro dia. Eu expliquei-lhe que não era camarada dele de parte nenhuma, nunca tinhamos comido juntos, se ele que eu era do 25 de Abril, não era se julgava que eu era do M F A, também, portanto que nos respeitássemos um ao outro. Eu era senhor comandante, e ele era o senhor comandante  e vivemos como Deus com os anjos até Fevereiro de 1975-.........

Mas a realidade é que estávamos ainda em guerra..........
Numa guerra daquelas  é muito difícil o  cessar fogo. É tão difícil que  sucederam  vários casos e que a maldade das pessoas ainda não permitiu que se esclarecessem e que convinha esclarecer, porque está a honra de muita gente em jogo. um deles por exemplo é o caso de um alferes que recebe ordem para acabar com as acções de fogo. Esse alferes cai com o seu grupo de combate numa emboscada . Tiros para lá , tiros para cá . Além dos tiros, havia sempre um folclore de palavrões, dirigido a cada um . Mas no meio daquilo  o alferes conseguiu-se fazer ouvir e dizer aos do outro lado : " olha lá , já acabou a guerra ,e nós estamos aqui estupidamente aos tiros,". Ao que os outros responderam :" Está bem vai enganar outro"..." disse  mais o alferes: ...então vai informar-te junto dos teus chefes   e no dia tal encontramo-nos aqui. E no dia tal  encontraram-se.......É claro que o (fazem)  ainda com todas as seguranças e não houve desconfianças . Não entraram em contacto com os vossos: não:.. ainda não tenho contactos nenhuns, os nossos não fizeram fogo.....À terceira ou quarta vez, estava tudo aos abraços.
É dos nossos soldados, isto é assim mesmo. Simplesmente nessa altura foram desarmados, porque os nossos estavam de boa fé e os outros não. Isto depois aparece depois, como um grupo de combate que foi desarmado , que entregou  as G-3 ao inimigo. Mais importante do que isto(talvez o coronel Pinto Ferreira esteja em melhores condições de explicar), foi o que se passou com uma companhia no norte. Entram em conversações, muita confiança muitos abraços e a certa altura foram desarmados.Um dos argumentos nas conversações em Lusaca usados por Samora Machel, com o dr. Mário Soares era que as nossas tropas já não se batiam. Com certeza que a nossa tropa no dia 7 de Setembro não era a mesma, que no dia 26 de Abril. Aqui fez-se tudo a seguir ao 25 de Abril,  para dar cabo da nossa tropa. Na descolonização entrou o factor político e nem mais um soldado para o Ultramar. Nestas condições ninguém podia negociar, discutir e preparar uma descolonização inteligente.
Aquilo estava muito efervescente as pessoas andavam com armas na mão e a disciplina não era grande coisa, especialmente dentro da Frelimo. Eles tinham a disciplina do guerrilheiro.....matou morre.

José Pedro Castanheira: Quando é que foi esse primeiro encontro com o comando da Frelimo ?

General Duarte Silva: Foi no dia 7 ou 8 de Setembro de 1974. Só quando houve paz oficialmente, claro. Se não não havia conversa.

Fátima Patriarca: Retomando a pergunta do Manuel  de Lucena, seria possível explicar porque é que os colonos brancos reagem contra no fundo a quem está ali para os defender? O que sentiu que estava por de trás dessa hostilidade?
Tenente- Coronel Aniceto Afonso:  Isso pode ter várias explicações. 

General Duarte Silva:Eu tinha lá família e diria que os coca-colas sempre pensaram que a guerra era nossa, não era deles, o problema era este.

Tenente-Coronel Aniceto Afonso: Sim , sim . Talvez também nunca lhes tenha sido explicado, também nunca participaram.

General Duarte Silva :O instinto de conservação não precisa de explicações. Nó íamos daqui para lá , eles estavam sossegadinhos nas cidades , porque +e que deviam de arriscar.

Coronel Pinto Ferreira : Eu estava na Beira, quando foi o ataque à messe da Beira e vi o acontecimentos todos, do principio ao fim.
Quando eu cheguei à Beira em 1973 , a população não tinha qualquer noção da guerra que se estava a passar. sabia que existia, mas não vivia no meio da guerra.

Tenente- Coronel  Aniceto Afonso:Mas já havia batalhões de Janeiro.
General Duarte Silva: Pois. mas isso revela o estado de indisciplina que houve. Temos de o reconhecer! E depois quando chega Lusaca, o Samora Machel diz: Ah os senhores já não têm ninguém capaz de dar um tiro ."...não era completamente verdade, especialmente em Angola de maneira nenhuma. E é claro que as pagámos.

Coronel Pinto de Ferreira: Há uma questão de que o sr .tenente -coronel falou que eu ainda reforço. Nós em Moçambique, tínhamos chegado a este ponto: quando embarcávamos, os meus capitães operacionais  eram do mesmo curso dos alferes comandantes de pelotão. No meu batalhão foi assim. Eles estavam em Mafra , terminavam o curso como cadetes e eram promovidos promovidos a aspirantes , todos. Uns eram escolhidos para ser capitães, nem espúrios nem púrios. Não havia nada.

General Duarte Silva : mas isso eram milicianos! 

Coronel Pinto  Ferreira: Pois, mas isso não interessa. Era quem fazia a guerra.


General Duarte Silva: não era a mesma coisa.

Coronel Pinto Ferreira: eram oficiais , faziam a guerra e estavam a defender a  Pátria. Mas continuando.

General Duarte Silva: mais devagar.

Coronel Pinto Ferreira: Não é nada mais devagar- temos de ser objectivos. Portanto sucedia que esses homens saíam da Escola Prática de Infantaria e eram promovidos a alferes. Iam para as unidades, para o seu batalhão fazer instrução e embarcavam como alferes . Um deles era promovido a tenente , era comandante de companhia , mas eram todos do mesmo curso de alferes, tratavam-se por tu. Oh pá não me chateies! Então  dás essa ordem? e na hora do embarque eram promovidos a capitães. Saíam todos da  Escola Prática de Infantaria  como aspirantes e, de repente , um aparecia como capitão e os outros eram alferes.
E era com isto que se tinha que fazer a guerra . Eu tinha quatro companhias na minha zona de acção , e os quatro capitães eram deste género. E quando davam uma ordem que alferes não gostavam, os alferes diziam: Eh pá não me chateies com essa! Eu não vou ! E na tropa não se pode trabalhar assim, não se pode actuar assim . mas era com isto que tinha de se fazer a guerra. isto é uma coisa que as pessoas aqui não sabiam! Quando chegámos à altura da descolonização e foi preciso contar espingardas onde é que se contavam, quem é que pegava nelas? Estavam todas no armeiro. Os problemas eram estes , e eram mais que muitos. em toda a província Moçambicana .

General Duarte Silva : estás a dar-me a razão.

Coronel   Pinto Ferreira : Não lhe estou  dar razão nenhuma.

General Duarte Silva: durante 13 anos fizemos a guerra sem problemas, de repente passou a haver problemas.

Extracto de entrevistas dadas por estes e outros militares sobre a situação em Moçambique  e nas outras Províncias Ultramarinas a seguir ao 25 de Abril de 1974.

Falta referir a situação dos Africanos que lutaram ao nosso lado e o que é feito deles, já que parece o Estado português se esqueceu da maior parte deles.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ANTÓNIO NOBRE, UM HEROI DE PORTUGAL!

Por: António Campinas

CCAÇ.1560


Quem, dentro da CCAÇ 1560, não se lembrará do António 
Maria Nobre, da “BAZOOKA”?
Alentejano, de gema, integrado num grupo de combate constituído quase exclusivamente por alentejanos, era bem o protótipo do calmo e pachorrento dito “compadre”, a quem nada nem ninguém faz perder a fleuma a menos que…
Finda a comissão, o Nobre era apenas um herói. Modesto, apagado, humilde – mas um HERÓI !... Gravemente ferido em combate, por 3 vezes (!!!) foi condecorado, na mesma comissão por imposição, com duas CRUZ DE GUERRA (1ª e 3ª classes ), caso único nas Forças Armadas, nas campanhas do Ultramar pós 1961!
Ora acabou por ser precisamente o Nobre o protagonista do único incidente registado, em toda a comissão, entre pessoal da 1560 e elementos estranhos à mesma.
Estamos em Nampula, na noite de 10 AGO 68. O comboio que transporta o Batalhão 1891 a caminho de Nacala, onde embarcará no paquete Vera Cruz, de regresso à Metrópole, fez uma paragem de algumas horas naquela cidade.
O pessoal foi autorizado a ir dar uma última volta pela cidade, com recomendações e ordens taxativas quanto ao comportamento a ter, em todos os aspectos, e com hora de regresso à estação bem definida.


Ao aproxima-se essa hora limite, e com grande parte do pessoal da Companhia já na estação dos Caminhos de Ferro, chegou a notícia de que o NOBRE teria sido preso pela Polícia Militar, e levado para o quartel da mesma. Imediatamente e em bloco, todo o pessoal dos “Leopardos” já presente se dispôs a marchar para o Quartel da P.M. (ainda a uns bons 3/4Kms da estação) a fim de libertar o seu camarada.

Tendo o Comt da CCaç 1560, conseguido acalmar momentaneamente os ânimos, pois nada se sabia de concreto, foi decidido que ele, com alguns Oficiais e Sargentos da Companhia. Iriam à P.M., averiguar o sucedido e resolver o problema.
Tendo o grupo de graduados da 1560 chegado ao quartel da P.M., e após uma entrada mais ou menos intempestiva, por várias razões, foram descobrir o Nobre a ser duramente interrogado por um Tenente da P.M. e mais alguns elementos – tendo inclusive levado já alguns “caldos”.
Foi então dito pelo Tenente que o Nobre, interpelado por uma patrulha da P.M., havia resistido à detenção(?), tendo inclusivamente partido o nariz ao Cabo comandante da mesma e deslocado o braço a outro soldado. Tendo sido ouvido o depoimento do Nobre e também dum outro soldado da referida patrulha, ficaram os presentes com sensação nítida de que teria havido precipitação e até abuso, de autoridade por parte dos elementos da P.M., aos recém - chegados da Metrópole…Depois de muita troca de argumentos e de ter sido explicado Quem era o Nobre, conseguiu-se a sua libertação, tendo sido entusiasticamente recebido quando finalmente,  chegaram à  estação  dos Caminhos de Ferro.      Agora para terminar, só falta, de facto, contar-se a versão dos acontecimentos, pela boca do Nobre.


 Na sua castiça calma voz alentejana,(esta versão apenas deferia da P.M, ,num pequeno pormenor.
Em frente do Hotel Portugal, em plena baixa de Nampula, passeavam alguns militares da 1560. Tendo passado um Jeep da Polícia Militar, alguém do grupo teria gritado:- “Adeus, ó Chekas,”( nome dado aos militares recém chegados a Moçambique). O Jeep parou de imediato e os elementos da P.M. correram para eles.
Com receio de complicações sobretudo devido à proximidade do embarque, os militares da 1560 debandaram ( pela 1ª e única vez em toda a comissão!), com excepção do Nobre que, além de ter a consciência tranquila, não podia correr, por coxear devido ao seu último ferimento em combate.
“ Então, meu Capitão”, dizia o Nobre, eu que nada tinha feito, vejo vir o nosso Cabo, todo exaltado, direito a mim… Agarrou-me pelo colarinho e puxou-me para a frente com toda a força… Ora eu, que não tenho força nenhuma nas pernas, desequilibrei-me…e fui bater, sem querer com a minha testa no nariz do nosso Cabo!...
Escusado será dizer o esforço que, na altura, foi necessário aos graduados da CCAÇ 1560 presentes para não desatarem à gargalhada, numa situação tão melindrosa como aquela.