Por: António Campinas
CCAÇ.1560
Quem, dentro da CCAÇ 1560, não se lembrará do António
Maria Nobre, da “BAZOOKA”?
Alentejano, de gema, integrado num grupo de combate constituído quase exclusivamente por alentejanos, era bem o protótipo do calmo e pachorrento dito “compadre”, a quem nada nem ninguém faz perder a fleuma a menos que…
Finda a comissão, o Nobre era apenas um herói. Modesto, apagado, humilde – mas um HERÓI !... Gravemente ferido em combate, por 3 vezes (!!!) foi condecorado, na mesma comissão por imposição, com duas CRUZ DE GUERRA (1ª e 3ª classes ), caso único nas Forças Armadas, nas campanhas do Ultramar pós 1961!
Ora acabou por ser precisamente o Nobre o protagonista do único incidente registado, em toda a comissão, entre pessoal da 1560 e elementos estranhos à mesma.
Estamos em Nampula, na noite de 10 AGO 68. O comboio que transporta o Batalhão 1891 a caminho de Nacala, onde embarcará no paquete Vera Cruz, de regresso à Metrópole, fez uma paragem de algumas horas naquela cidade.
O pessoal foi autorizado a ir dar uma última volta pela cidade, com recomendações e ordens taxativas quanto ao comportamento a ter, em todos os aspectos, e com hora de regresso à estação bem definida.
Tendo o Comt da CCaç 1560, conseguido acalmar momentaneamente os ânimos, pois nada se sabia de concreto, foi decidido que ele, com alguns Oficiais e Sargentos da Companhia. Iriam à P.M., averiguar o sucedido e resolver o problema.
Tendo o grupo de graduados da 1560 chegado ao quartel da P.M., e após uma entrada mais ou menos intempestiva, por várias razões, foram descobrir o Nobre a ser duramente interrogado por um Tenente da P.M. e mais alguns elementos – tendo inclusive levado já alguns “caldos”.
Foi então dito pelo Tenente que o Nobre, interpelado por uma patrulha da P.M., havia resistido à detenção(?), tendo inclusivamente partido o nariz ao Cabo comandante da mesma e deslocado o braço a outro soldado. Tendo sido ouvido o depoimento do Nobre e também dum outro soldado da referida patrulha, ficaram os presentes com sensação nítida de que teria havido precipitação e até abuso, de autoridade por parte dos elementos da P.M., aos recém - chegados da Metrópole…Depois de muita troca de argumentos e de ter sido explicado Quem era o Nobre, conseguiu-se a sua libertação, tendo sido entusiasticamente recebido quando finalmente, chegaram à estação dos Caminhos de Ferro. Agora para terminar, só falta, de facto, contar-se a versão dos acontecimentos, pela boca do Nobre.
Em frente do Hotel Portugal, em plena baixa de Nampula, passeavam alguns militares da 1560. Tendo passado um Jeep da Polícia Militar, alguém do grupo teria gritado:- “Adeus, ó Chekas,”( nome dado aos militares recém chegados a Moçambique). O Jeep parou de imediato e os elementos da P.M. correram para eles.
Com receio de complicações sobretudo devido à proximidade do embarque, os militares da 1560 debandaram ( pela 1ª e única vez em toda a comissão!), com excepção do Nobre que, além de ter a consciência tranquila, não podia correr, por coxear devido ao seu último ferimento em combate.
“ Então, meu Capitão”, dizia o Nobre, eu que nada tinha feito, vejo vir o nosso Cabo, todo exaltado, direito a mim… Agarrou-me pelo colarinho e puxou-me para a frente com toda a força… Ora eu, que não tenho força nenhuma nas pernas, desequilibrei-me…e fui bater, sem querer com a minha testa no nariz do nosso Cabo!...
Escusado será dizer o esforço que, na altura, foi necessário aos graduados da CCAÇ 1560 presentes para não desatarem à gargalhada, numa situação tão melindrosa como aquela.
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