Operação Marte - 4.ª Companhia de Comandos
A 4.ª Companhia de Comandos executou, em Agosto de 1968, na região do Niassa, um golpe de mão à Base Provincial Gungunhana, aproveitando informações recolhidas durante a Operação Corvo III.
Nesta acção, tinha sido feito prisioneiro o chefe distrital de reconhecimento (Sereco) e abatido o comandante da Base do Unango, que transportava uma pasta com documentos.
As declarações do prisioneiro permitiram referenciar a localização da Base Gungunhana e o estudo dos documentos revelou estar marcada pelo chefe provincial, Sebastião Mabote, uma reunião dos chefes militares da Frelimo no Niassa, na base, para discutir as acções a realizar nas regiões de Cantina Dias e Vila Cabral.
Devido ao valor excepcional da informação, à possibilidade de surpreender uma reunião de líderes da Frelimo e ainda de se dispor de um prisioneiro importante, foi decidido realizar uma operação no maior segredo, empenhando efectivos reduzidos, mas escolhidos.
A 4.ª Companhia de Comandos recebeu essa missão, apesar de quatro dos seus cinco oficiais estarem feridos ou convalescentes, incluindo o seu comandante, que, no entanto, se apresentou para comandar a operação. Esta companhia recebeu ainda a colaboração do grupo de milícias do Niassa, do chefe Roxo.
A força ficou constituída por três grupos de comandos de dezanove homens e um grupo de milícias com vinte e seis homens. O planeamento da operação envolveu um restrito conjunto de oficiais, o reconhecimento aéreo feito sobre a zona do objectivo aproveitou um voo de reabastecimento, para não levantar suspeitas, e os pormenores da cooperação aero- terrestre foram acordados com o comandante do Aeródromo 61 (Vila Cabral).
Depois do transporte de Vila Cabral para Metangula e de um acidente com uma Berliet, que causou vários feridos, a companhia de Comandos atingiu, em 27 de Março, a localidade de Nova Coimbra, onde se encontrava aquartelada uma unidade de caçadores e que seria a base de partida para a operação.
No dia 28, de manhã, a 4.ª Companhia saiu de Nova Coimbra, a pé, para o Lunho, e daqui para Miandica, a corta-mato. Em 31 de Março, iniciou-se a fase de aproximação à Base Gungunhana, sendo percorrido durante sete horas um itinerário muito acidentado nos montes Chissindo. A zona onde as populações de camponeses trabalhavam as suas machambas e apoiavam os guerrilheiros, demorou quatro horas a ser atravessada, para evitar que eles detectassem a presença dos militares, que pernoitaram a cerca de três horas da base e reiniciaram a marcha às cinco horas, de 1 de Abril.
Entretanto, às sete da manhã descolaram do aeródromo de Vila Cabral dois aviões, um DO-27 e um T-6, este último armado com bombas e rockets, para executarem o bombardeamento do objectivo.
Os Comandos, posicionados a cerca de mil metros da base, em dispositivo de assalto em meia-lua, avançaram após o lançamento das primeiras bombas, atacando os guerrilheiros que procuravam escapar ao bombardeamento.
Deu-se depois início à busca no interior da base, tendo sido encontrado muito material.
Como resultado desta operação, foram mortos vinte e dois guerrilheiros e capturadas três metralhadoras antiaéreas, dois RPG-2 e trinta espingardas de vários tipos, o que revela o grande desenvolvimento que a organização militar da Frelimo já havia alcançado no Niassa.
Na continuação da Operação Marte, após o assalto à Base Gungunhana, a força de comandos regressou a pé do Lunho, para Nova Coimbra, em 10 de Agosto. Neste quartel encontrava-se a coluna de viaturas que devia trazer a companhia de regresso a Vila Cabral. Dado o cansaço do pessoal e as más condições de alojamento, o capitão Valente decidiu fazer uma paragem em Metangula, para pernoitar, e tomou o seu lugar na primeira Berliet.
«Saímos de Metangula às oito e meia do dia 11 de Agosto. Eu seguia na segunda viatura quando, a cerca de oitocentos metros da bifurcação Nova Coimbra/Metangula, ouvi um rebentamento característico de mina, ocorrido no veículo da frente. Acorremos imediatamente à viatura sinistrada, a justo tempo de retirar vivo o alferes António Calvinho. Foi-nos, porém, impossível socorrer o capitão Horácio Valente, que já não apresentava sinais de vida e ardia no fogo que consumia a viatura... »
(do relatório do comandante da escolta).
A 4.ª Companhia de Comandos executou, em Agosto de 1968, na região do Niassa, um golpe de mão à Base Provincial Gungunhana, aproveitando informações recolhidas durante a Operação Corvo III.
Nesta acção, tinha sido feito prisioneiro o chefe distrital de reconhecimento (Sereco) e abatido o comandante da Base do Unango, que transportava uma pasta com documentos.
As declarações do prisioneiro permitiram referenciar a localização da Base Gungunhana e o estudo dos documentos revelou estar marcada pelo chefe provincial, Sebastião Mabote, uma reunião dos chefes militares da Frelimo no Niassa, na base, para discutir as acções a realizar nas regiões de Cantina Dias e Vila Cabral.
Devido ao valor excepcional da informação, à possibilidade de surpreender uma reunião de líderes da Frelimo e ainda de se dispor de um prisioneiro importante, foi decidido realizar uma operação no maior segredo, empenhando efectivos reduzidos, mas escolhidos.
A 4.ª Companhia de Comandos recebeu essa missão, apesar de quatro dos seus cinco oficiais estarem feridos ou convalescentes, incluindo o seu comandante, que, no entanto, se apresentou para comandar a operação. Esta companhia recebeu ainda a colaboração do grupo de milícias do Niassa, do chefe Roxo.
A força ficou constituída por três grupos de comandos de dezanove homens e um grupo de milícias com vinte e seis homens. O planeamento da operação envolveu um restrito conjunto de oficiais, o reconhecimento aéreo feito sobre a zona do objectivo aproveitou um voo de reabastecimento, para não levantar suspeitas, e os pormenores da cooperação aero- terrestre foram acordados com o comandante do Aeródromo 61 (Vila Cabral).
Depois do transporte de Vila Cabral para Metangula e de um acidente com uma Berliet, que causou vários feridos, a companhia de Comandos atingiu, em 27 de Março, a localidade de Nova Coimbra, onde se encontrava aquartelada uma unidade de caçadores e que seria a base de partida para a operação.
No dia 28, de manhã, a 4.ª Companhia saiu de Nova Coimbra, a pé, para o Lunho, e daqui para Miandica, a corta-mato. Em 31 de Março, iniciou-se a fase de aproximação à Base Gungunhana, sendo percorrido durante sete horas um itinerário muito acidentado nos montes Chissindo. A zona onde as populações de camponeses trabalhavam as suas machambas e apoiavam os guerrilheiros, demorou quatro horas a ser atravessada, para evitar que eles detectassem a presença dos militares, que pernoitaram a cerca de três horas da base e reiniciaram a marcha às cinco horas, de 1 de Abril.
Entretanto, às sete da manhã descolaram do aeródromo de Vila Cabral dois aviões, um DO-27 e um T-6, este último armado com bombas e rockets, para executarem o bombardeamento do objectivo.
Os Comandos, posicionados a cerca de mil metros da base, em dispositivo de assalto em meia-lua, avançaram após o lançamento das primeiras bombas, atacando os guerrilheiros que procuravam escapar ao bombardeamento.
Deu-se depois início à busca no interior da base, tendo sido encontrado muito material.
Como resultado desta operação, foram mortos vinte e dois guerrilheiros e capturadas três metralhadoras antiaéreas, dois RPG-2 e trinta espingardas de vários tipos, o que revela o grande desenvolvimento que a organização militar da Frelimo já havia alcançado no Niassa.
Na continuação da Operação Marte, após o assalto à Base Gungunhana, a força de comandos regressou a pé do Lunho, para Nova Coimbra, em 10 de Agosto. Neste quartel encontrava-se a coluna de viaturas que devia trazer a companhia de regresso a Vila Cabral. Dado o cansaço do pessoal e as más condições de alojamento, o capitão Valente decidiu fazer uma paragem em Metangula, para pernoitar, e tomou o seu lugar na primeira Berliet.
«Saímos de Metangula às oito e meia do dia 11 de Agosto. Eu seguia na segunda viatura quando, a cerca de oitocentos metros da bifurcação Nova Coimbra/Metangula, ouvi um rebentamento característico de mina, ocorrido no veículo da frente. Acorremos imediatamente à viatura sinistrada, a justo tempo de retirar vivo o alferes António Calvinho. Foi-nos, porém, impossível socorrer o capitão Horácio Valente, que já não apresentava sinais de vida e ardia no fogo que consumia a viatura... »
(do relatório do comandante da escolta).
Já antes tinham morrido, outros nossos camaradas. Na estrada Nova Coimbra-Metangula. Eu conheci Nova Coimbra, Lunho, Cobué, Metangula, Olivença e outras localidades do Niassa. Em 1965, de Janeiro a Maio estive acampado do Lunho. Não existiam instalações. Tinhamos como abrigo tendas de campanha. Os colchões eram feitos de terra.
ResponderEliminarA guerra já existia. Hoje, posso dizer que tivemos muita sorte. Já os nossos camaradas, da Companhia de Cavalaria 754 (sete de espadas), que acampou em Nova Coimbra, no segundo semestre de 1965, não tiveram a mesma sorte.
Continuação de boa semana.
Um abraço
Eduardo