Histórias de Moçambique
Texto de Coronel R. Cardoso
Coronel F.Diniz
Este texto foi extraído do Jornal do Exército 659 de Junho de 2016
Ao longo destes últimos anos do nosso passado recente - refiro-me ao pós Revolução de Abril - muitas têm sido as histórias de que vamos tendo conhecimento, relacionadas com o fim da Guerra do Ultramar e o processo de descolonização que Portugal levou a efeito.
Bastantes os escritos que nos têm sido disponibilizados sobre factos desse período. Muitas as imagens que têm passado nos écrans das TV .
De muitos dos episódios fomos por vezes seus actores, outros chegaram-nos por conversas e tertúlias de que fomos parte.
Algumas dessas ocorrência são mais do domínio público do que outras. Outras até desconhecidas, por intencionalmente omitidos à divulgação.
Numa recente cavaqueira de recordação do passado, tida com um sócio Núcleo do Núcleo de Lisboa, vieram à liça alguns episódios ocorridos em Moçambique em 1974.
Não pude deixar de reter alguns, pelos seus contornos, caracterização e significado.
De forma aberta e suscinta, faço menção a uma acção levada a cabo para resgatar um grupo de militares portugueses de uma companhia sediada em OMAR, no norte de Moçambique, perto de Mocímboa do Rovuma, que haviam sido feitos prisioneiros por um numeroso grupo de guerrilheiros
da FRELIMO, em Julho de 1974. (Nota do blog: Este acidente deu-se a 1 de Agosto de 1974)
De referir que a captura dos militares foi feita após uma abordagem por um grupo de guerrilheiros que procurou captar as suas simpatias, dizendo que a guerra tinha acabado, para pssibilitar a invasão da unidade por um bi-grupo de guerrilheiros que já tinham a zona cercada.
Numa longa e penosa caminhada, os militares foram levados a pé para a Tanzânia para a zona de NACHINGEWA onde a FRELIMO tinha uma base militar.
O sócio do Núcleo Coronel Fragoso Diniz, à época Capitão na reserva e Chefe de Gabinete do Alto Comissário Contra Almirante Victor Crespo, solicitou que lhe fosse consentido deslocar-se ao norte de Moçambique para levar a cargo diligências junto da FRELIMO, tentando levar consigo os militares portugueses.
O capitão Diniz, solicitou a permissãopara a deslocação na medida em quese apercebeu que as diligências que estariam a ser feitas junto da FRELIMO com o dirigente Aquino de Bragança, lhe levantavam dúvidas sobre a celeridade e o empenho numa resoluçao do problema e também porque era seu entendimento que alguém militar devia coordenar a operação por os prisioneiros serem Oficiais, Sargentos e Praças do Exército Português.
Em Setembro de 1974, um táxi aéreo, com a tripulação constituída pelos Srs. Edgar Pereira, António Marques e Victor Marques partiu de Lourenço Marques para Porto Amélia com o Capitão Fragoso Diniz e o dirigente da FRELIMO Aquino Bragança.
De Porto Amélia seguiram para a base de MUTWARA, e porque se aperceberam de um certo impasse no desenvolvimento do fim em vista, decidiram seguir para DAR-ES-SALAM, onde foram bem recebidos pelos membros da FRELIMO, designadamente pelo dirigente Marcelino dos Santos, que assumiu dilenciar com objectividade a libertação dos prisioneiros.
Com a garantia obtida, a delegação regressou a NANGADE (Moçambique) de onde os prisioneiros entretanto transportados de NACHIGEWA, na Tanzânia, foram evacuados de avião a 19 de Setembro, durante o dia e a noite.
De salientar que a pista de NANGADE não possuía o mínimo de condições para a operação dado o estado de degradação e sem luzes de sinalização, o que forçou à improvisação de uma iluminação artificial com latas de querosene.
Só o elevado espírito de equipa e serviço de missão, face ao elevado estado de debilidade física e moral dos prisioneiros, permitiu que a tripulação do avião para a evacuação operasse com aquelas condições.
O apreço pelo esforço e coragem de acção foi reconhecido em louvor expresso pelo Alto Comissário.
Interessante é também o discurso do Presidente da FRELIMO Samora Machel, no acto da entrega dos militares portugueses lido por Silva Vieira. O documento por ele assinado, foi entregue à guarda da Liga dos Combatentes, pelo Coronel Fragozo Dinis, através do Núcleo de Lisboa, no passado dia 15 de Abril de 2016.
Dia 20 de Setembro, os prisioneiros de OMAR encontravam-se em território de Moçambique, podendo nesta data proceder-se à tomada de posse do governo provisório conforme determinação do governo português e constituído pela FRELIMO e ministros portugueses.
É PEÇA DA HISTÓRIA QUE IMPORTA PERSEVAR.
Texto de Coronel R. Cardoso
Coronel F.Diniz
Este texto foi extraído do Jornal do Exército 659 de Junho de 2016
Ao longo destes últimos anos do nosso passado recente - refiro-me ao pós Revolução de Abril - muitas têm sido as histórias de que vamos tendo conhecimento, relacionadas com o fim da Guerra do Ultramar e o processo de descolonização que Portugal levou a efeito.
Bastantes os escritos que nos têm sido disponibilizados sobre factos desse período. Muitas as imagens que têm passado nos écrans das TV .
De muitos dos episódios fomos por vezes seus actores, outros chegaram-nos por conversas e tertúlias de que fomos parte.
Algumas dessas ocorrência são mais do domínio público do que outras. Outras até desconhecidas, por intencionalmente omitidos à divulgação.
Numa recente cavaqueira de recordação do passado, tida com um sócio Núcleo do Núcleo de Lisboa, vieram à liça alguns episódios ocorridos em Moçambique em 1974.
Não pude deixar de reter alguns, pelos seus contornos, caracterização e significado.
De forma aberta e suscinta, faço menção a uma acção levada a cabo para resgatar um grupo de militares portugueses de uma companhia sediada em OMAR, no norte de Moçambique, perto de Mocímboa do Rovuma, que haviam sido feitos prisioneiros por um numeroso grupo de guerrilheiros
CLIKA aqui para leres a crónica "Depois de Omar, outros vexames aos militares portugueses em Moçambique"
da FRELIMO, em Julho de 1974. (Nota do blog: Este acidente deu-se a 1 de Agosto de 1974)
De referir que a captura dos militares foi feita após uma abordagem por um grupo de guerrilheiros que procurou captar as suas simpatias, dizendo que a guerra tinha acabado, para pssibilitar a invasão da unidade por um bi-grupo de guerrilheiros que já tinham a zona cercada.
Numa longa e penosa caminhada, os militares foram levados a pé para a Tanzânia para a zona de NACHINGEWA onde a FRELIMO tinha uma base militar.
O sócio do Núcleo Coronel Fragoso Diniz, à época Capitão na reserva e Chefe de Gabinete do Alto Comissário Contra Almirante Victor Crespo, solicitou que lhe fosse consentido deslocar-se ao norte de Moçambique para levar a cargo diligências junto da FRELIMO, tentando levar consigo os militares portugueses.
O capitão Diniz, solicitou a permissãopara a deslocação na medida em quese apercebeu que as diligências que estariam a ser feitas junto da FRELIMO com o dirigente Aquino de Bragança, lhe levantavam dúvidas sobre a celeridade e o empenho numa resoluçao do problema e também porque era seu entendimento que alguém militar devia coordenar a operação por os prisioneiros serem Oficiais, Sargentos e Praças do Exército Português.
Em Setembro de 1974, um táxi aéreo, com a tripulação constituída pelos Srs. Edgar Pereira, António Marques e Victor Marques partiu de Lourenço Marques para Porto Amélia com o Capitão Fragoso Diniz e o dirigente da FRELIMO Aquino Bragança.
De Porto Amélia seguiram para a base de MUTWARA, e porque se aperceberam de um certo impasse no desenvolvimento do fim em vista, decidiram seguir para DAR-ES-SALAM, onde foram bem recebidos pelos membros da FRELIMO, designadamente pelo dirigente Marcelino dos Santos, que assumiu dilenciar com objectividade a libertação dos prisioneiros.
Com a garantia obtida, a delegação regressou a NANGADE (Moçambique) de onde os prisioneiros entretanto transportados de NACHIGEWA, na Tanzânia, foram evacuados de avião a 19 de Setembro, durante o dia e a noite.
De salientar que a pista de NANGADE não possuía o mínimo de condições para a operação dado o estado de degradação e sem luzes de sinalização, o que forçou à improvisação de uma iluminação artificial com latas de querosene.
NANGADE |
O apreço pelo esforço e coragem de acção foi reconhecido em louvor expresso pelo Alto Comissário.
Interessante é também o discurso do Presidente da FRELIMO Samora Machel, no acto da entrega dos militares portugueses lido por Silva Vieira. O documento por ele assinado, foi entregue à guarda da Liga dos Combatentes, pelo Coronel Fragozo Dinis, através do Núcleo de Lisboa, no passado dia 15 de Abril de 2016.
Dia 20 de Setembro, os prisioneiros de OMAR encontravam-se em território de Moçambique, podendo nesta data proceder-se à tomada de posse do governo provisório conforme determinação do governo português e constituído pela FRELIMO e ministros portugueses.
Ministros do Governo de Transição |
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