Malangatana Valente Ngwenya
Pintor
Valente Ngwenya Malangatana nasceu a 6 de Junho de 1936, em Matalana, no sul de Moçambique. Frequentou a Escola Primária de Matalana e, mais tarde, na então Lourenço Marques, a escola comercial.
Foi pastor de gado, aprendiz de <<nyamussoro>> ( médico tadicional), criado de meninos, apanhador de bolas e, ainda, criado num clube da elite colonial.
Em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes (Pancho), que lhe cedeu a garagem para atelier e lhe passou a comprar dois quadros por mês, por um valor superior ao salário de um criado negro, tornou-se artista professional.
Numa leva de prisões que levou à cadeia numerosos intelectuais (designadamente os poetas José Craveiinha e Rui Nogar) foi detido pela PIDE sob a acusação de estar ligado à FRELIMO. Não se tendo provado o seu envolvimento, acabou por ser absolvido e libertado, após quase 2 anos de prisão. 136/65
A PIDE afirmou, então, que: " serve de cartaz de propaganda adoptado por matizes políticos antagónicos à linha política da Administração portuguesa" Nota da autora esta frase foi retirada de: IAN/TT, Arquivo da Pide, Processo SR 136/,65 Malangatana Valente e outros, folhas 1/5
Em princípios de 1971, Fernando Pereira de Castro, responsável pela delegação da PIDE/DGS em Moçambique, em carta enviada ao director-geral, comentou: <<O pintor moçambicano Malangatana Valente Ngwenya obteve da Fundação Gulbenkian a concessão de uma bolsa de estudo para cursar na Metrópole gravura e cerâmica. Trata-se de um africano altamente suspeito do ponto de vista político, pelo que já esteve detido por actividades subversivas (...) As sua ligações com elementos oposocionistas locais são notórias e as suas ideias de emancipação negra mantém-se intacta. Ainda recentemente expôs no NÚCLEO DE ARTE nesta cidade, uma sucessão de quadros seus, quase todos versando temas africanos de problemática social emocional e entre eles um que intitula 25 de Setembro. Pretende reproduzir com esse quadro a fúria da alma negra em revolta, no momento em que eclodiram os ataques da Frelimo. Ele próprio o admite, no auto que lhe foi levantado e cuja cópia se junta>> IAN/TT, Arquivo da Pide, Processo SR 16303 SC/CI(2), Malangatana Valente e outros, folhas 23
Propondo-se o pintor seguir para Lisboa, o responsável da PIDE sugeriu que sobre ele fosse exercida vigilância e chamou a atenção para o facto de uma eventual deslocação ao estrangeiro vir a ser aproveitada para contactar com elementos independistas. E termina declarando que o governador-geral manifestara interesse el levar o assunto ao Ministro do Ultramar. Ora este decide proibir a saída de Malangatana de Moçambique. Logo o responsável da delegação, num rásio enviado ao director-geral, exprime a sua discordância com a proibiçaão que, na sua opinião, sereia muito criticada e se prestaria a especulações, na medida em que, por um lado, se apregoava o propósito de promover o homem negro e, por outro lado, quando surgia a oportunidade para tal promoção, ela era impedida. Considerou, pois, que a ida de Malangatana para a Metrópole teria inconvenientes menores que os da probição. Nota da Autora: IAN/TT, Arquivo da Pide, Processo SR 16303 SC/CI(2), Malangatana Valente e outros, folhas 21
Após a independência foi Deputado pelo Partido FRELIMO de 1990 até às primeiras eleições multipartidárias, em 1994, em que não foi candidato. Foi. também, membro da FRELIMO na Assembleia Municipal de Maputo, eleito em Junho de 1998
Foi um dos fundadores do Movimento para a Paz e pertence à direcção da Liga dos Escuteiros de Moçambique. Colaborador da UNICEF, fez funcionar durante anos uma escolinha dominical de bairro intitulada <<Vamos brincar>>
Museu Nacional de Arte em Maputo |
Clik AQUI, para ler a entrevista a Malangatana Valente Ngwenya
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