Clik aqui para ler a entrevista a Marcelino dos Santos, e os comentários e a crítica à entrevista por António Carlos Augusto
MARCELINO DOS SANTOS ; Fundador e dirigente da FRELIMO
Nasceu a 20 de Maio de 1924, no LUMBO, distrito da Ilha de Moçambique. Aí estudou até à 3ª Classe. Fez a 4ª Classe em Lourenço Marques, onde concluiu a Escola Industrial Sá da Bandeira.
O pai era torneiro mecânico de segunda classe nas oficinas dos Caminhos -de-Ferro.
Chegou a Lisboa, em Outubro de 1947, onde frequentou o Instituto Industrial de Lisboa e, mais tarde, o IST (Instituto Superior Técnico). Era sócio nº 248 da CEI (Casa dos Estudantes do Império),de que foi dirigente. Morou na Rua Miguel Bombarda e no nº1 da Rua Casal Ribeiro, onde durante certo tempo, partilhou um quarto com Amílcar Cabral. Militou no MUD juvenil. E foi preso em Novembro de 1950, numa manifestação junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, juntamente com Mário Andrade e Guilherme Espírito Santos.
Em 1951 foi para França. Estudou em Grenoble, no Instituto Politécnico e, mais tarde, em Paris, no Instituto de Ciências Políticas.
Em 1953, participou, em representação da juventude moçambicana, no Festival da Juventude de Bucareste. E participou, depois, nos Festivais de Varsóvia, Moscovo, Pyongyang e Havana, sempre como representante da juventude moçambicana.
Em 1954, esteve no Congresso da UIE (União Internacional dos Estudantes) e no Conselho da Federação Mundial das Juventudes Democráticas, em Pequim, na China, país que percorre durante durante 56 dias, declarando a propósito: << - Foi desde então que vi com clareza o que era o socialismo>>. Ao longo da sua vida, visitará oito vezes a China.
Em 1959, em Roma, participou no 2º Congresso de Escritores e Artista Negros.
Em Paris, representou os estudantes e as juventudes portuguesa e colonial. Morou num quarto no 3B da Praça da Sorbonne (É neste mesmo quarto que, em 1945, o Partido Comunista Português, pretendia instalar uma sede sua. E em 1964, vivia aí um membro destacado do PCP, antigo jornalista do jornal REPÚBLICA, já falecido), onde se realizou a << reunião de consulta e estudo para o desenvolvimento da luta contra o colonialismo>>, de que sairá a decisão de criar o MAC (Movimento Anticolonialista)
A província Francesa não lhe renovou a autorização de residência. E o professor universitário António Brotas afirmou que, nessa altura, Marcelino dos Santos lhe pedira para guardar uns arquivos, uma colecção do AVANTE! e um original dos CONTOS VERMELHOS, de Soeiro Pereira Gomes. Marcelino dos Santos negou que algumas vezes tenha tido na sua posse um exemplar dos Contos Vermelhos. E negou, também, ter pertencido ao PCP, acusação que lhe foi feita pela PIDE.
Foi para a Bélgica. Ao tentar regressar a Paris, foi expulso.
Em 1960, foi para Marrocos, sendo designado secretário- geral da CONCP. (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas). Foi, também, secretário das Relações Exteriores da UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique).
Viajou com passapotes de Marrocos e da Tanzânia.
Em 1962, quando a FRELIMO se formou, foi secretário das Relações Externas da FRELIMO, cargo que, a partir de 1970, acumulou com a vice - presidência da FRELIMO.
Depois do assassínio de Mondlane, foi-lhe também enviada uma bomba, desactivada pela polícia tanzaniana.
Foi um dos dirigentes independentistas a ser recebido pelo Papa Paulo VI, no Vaticano.
Foi membro da presidência do Conselho Mundial da Paz. E em 1971, na Embaixada da União Soviética em Dar - es - Salam, recebeu, juntamente com Samora Machel, a medalha comemorativa do nascimento de Lenine.
Após a independência, foi ministro residente na cidade da Beira, ministro do Plano e Presidente da Assembleia Nacional.
Actualmente, não desempenha qualquer cargo político, embora, embora continue a ser membro do Comité Central da FRELIMO.
Esta biografia rectifica e completa dados duma outra, por nós redigida na obra A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA, Editorial Inquérito, Lisboa, 1999.
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Malangatana Valente Ngwenya
Pintor
Valente Ngwenya Malangatana nasceu a 6 de Junho de 1936, em Matalana, no sul de Moçambique. Frequentou a Escola Primária de Matalana e, mais tarde, na então Lourenço Marques, a escola comercial.
Foi pastor de gado, aprendiz de <<nyamussoro>> ( médico tadicional), criado de meninos, apanhador de bolas e, ainda, criado num clube da elite colonial.
Em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes (Pancho), que lhe cedeu a garagem para atelier e lhe passou a comprar dois quadros por mês, por um valor superior ao salário de um criado negro, tornou-se artista professional.
Numa leva de prisões que levou à cadeia numerosos intelectuais (designadamente os poetas José Craveiinha e Rui Nogar) foi detido pela PIDE sob a acusação de estar ligado à FRELIMO. Não se tendo provado o seu envolvimento, acabou por ser absolvido e libertado, após quase 2 anos de prisão. 136/65
A PIDE afirmou, então, que: " serve de cartaz de propaganda adoptado por matizes políticos antagónicos à linha política da Administração portuguesa" Nota da autora esta frase foi retirada de: IAN/TT, Arquivo da Pide, Processo SR 136/,65 Malangatana Valente e outros, folhas 1/5
Em princípios de 1971, Fernando Pereira de Castro, responsável pela delegação da PIDE/DGS em Moçambique, em carta enviada ao director-geral, comentou: <<O pintor moçambicano Malangatana Valente Ngwenya obteve da Fundação Gulbenkian a concessão de uma bolsa de estudo para cursar na Metrópole gravura e cerâmica. Trata-se de um africano altamente suspeito do ponto de vista político, pelo que já esteve detido por actividades subversivas (...) As sua ligações com elementos oposocionistas locais são notórias e as suas ideias de emancipação negra mantém-se intacta. Ainda recentemente expôs no NÚCLEO DE ARTE nesta cidade, uma sucessão de quadros seus, quase todos versando temas africanos de problemática social emocional e entre eles um que intitula 25 de Setembro. Pretende reproduzir com esse quadro a fúria da alma negra em revolta, no momento em que eclodiram os ataques da Frelimo. Ele próprio o admite, no auto que lhe foi levantado e cuja cópia se junta>> IAN/TT, Arquivo da Pide, Processo SR 16303 SC/CI(2), Malangatana Valente e outros, folhas 23
Propondo-se o pintor seguir para Lisboa, o responsável da PIDE sugeriu que sobre ele fosse exercida vigilância e chamou a atenção para o facto de uma eventual deslocação ao estrangeiro vir a ser aproveitada para contactar com elementos independistas. E termina declarando que o governador-geral manifestara interesse el levar o assunto ao Ministro do Ultramar. Ora este decide proibir a saída de Malangatana de Moçambique. Logo o responsável da delegação, num rásio enviado ao director-geral, exprime a sua discordância com a proibiçaão que, na sua opinião, sereia muito criticada e se prestaria a especulações, na medida em que, por um lado, se apregoava o propósito de promover o homem negro e, por outro lado, quando surgia a oportunidade para tal promoção, ela era impedida. Considerou, pois, que a ida de Malangatana para a Metrópole teria inconvenientes menores que os da probição. Nota da Autora: IAN/TT, Arquivo da Pide, Processo SR 16303 SC/CI(2), Malangatana Valente e outros, folhas 21
Após a independência foi Deputado pelo Partido FRELIMO de 1990 até às primeiras eleições multipartidárias, em 1994, em que não foi candidato. Foi. também, membro da FRELIMO na Assembleia Municipal de Maputo, eleito em Junho de 1998
Foi um dos fundadores do Movimento para a Paz e pertence à direcção da Liga dos Escuteiros de Moçambique. Colaborador da UNICEF, fez funcionar durante anos uma escolinha dominical de bairro intitulada <<Vamos brincar>>
Museu Nacional de Arte em Maputo |
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Valeriano Baúlque. Bancário, antigo Furriel da 6ª Companhia de Comandos de Moçambique, participante no massacre de Wiriyamu
Biografia:
Nasceu em ZAVALA, em 1950. Em 1971, completou o curso geral do Comércio, em Lourenço Marques.
Ao completar 21 anos, foi seleccionado para um curso de Comandos, vindo a integrar, como furriel, de Agosto de 1972 a Agosto de 1974, a 6ª Companhia de Comandos de Moçambique.
Esteve no grupo de Comandos que, ao lado da PIDE/DGS, participou na carnificina de WIRIYAMU.
No levantamento dos colonos em 7 de Setembro de 1975, teve um papel destacado na defesa da cidade e da população negra.
Após a independência, participou na reunião da direcção da FRELIMO com os chamados "COMPREMETIDOS"
De 1984 a 1986, a pedido de Samora Machel, integrou o grupo de Comandos que dirigiu a reorganização do Exército Moçambicano, na cidade de Maputo.
Click AQUIhttp://bcac1891.blogspot.pt/2016/01/valeriano-baulque-entrevista-memorias.html para ler a entrevista de Valeriano Baúque.
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